Por Steve Holland e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - Declarando "Basta!", o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na noite de quinta-feira que o Congresso norte-americano proíba as armas de assalto, expanda as verificações de antecedentes e implemente outras medidas de controle de armas para lidar com uma série de tiroteios em massa que atingiram os EUA.
Em um discurso transmitido ao vivo no horário nobre, Biden perguntou a um país atordoado pelos recentes tiroteios em uma escola no Texas, um supermercado em Nova York e uma instalação médica em Oklahoma quantas mortes mais seriam necessárias para mudar as leis de armas nos EUA.
"Pelo amor de Deus, quanto mais carnificina estamos dispostos a aceitar?", questionou Biden.
Biden descreveu a visita a Uvalde, no Texas, onde ocorreu o tiroteio na escola. "Eu não pude deixar de pensar que existem muitas outras escolas, muitos outros lugares cotidianos que se tornaram campos de matança, campos de batalha, aqui na América."
O presidente, um democrata, defendeu uma série de medidas as quais os republicanos no Congresso se opõem, incluindo a proibição da venda de armas de assalto e carregador de alta capacidade, ou, se isso não fosse possível, aumentar a idade mínima para comprar essas armas de 18 para 21 anos. Ele também pressionou pela revogação do escudo de responsabilidade que protege os fabricantes de armas de serem processados por violência perpetrada por pessoas portando suas armas.
"Não podemos falhar novamente com o povo americano", disse Biden, pressionando os republicanos particularmente no Senado dos EUA a permitir que projetos de lei com medidas de controle de armas sejam votados.
Biden afirmou que se o Congresso não agir, ele acredita que os norte-americanos tornarão essa uma questão central quando votarem nas eleições de meio de mandato em novembro.
O lobby de armas da National Rifle Association disse em comunicado que as propostas de Biden infringiriam os direitos dos proprietários de armas que cumprem a lei. "Esta não é uma solução real, não é liderança verdadeira e não é o que a América precisa", disse.
Os Estados Unidos, que têm a maior taxa de mortes por armas de fogo do que qualquer outro país rico, foram abalados nas últimas semanas pelos tiroteios em massa que mataram 10 moradores negros no norte de Nova York, 19 crianças e duas professoras no Texas, e dois médicos, um recepcionista e um paciente em Oklahoma.
Os parlamentares estão analisando medidas para expandir as verificações de antecedentes e aprovar leis de "bandeira vermelha" que permitiriam que os policiais retirassem armas de pessoas que sofrem de doenças mentais. Mas quaisquer novas medidas enfrentam grandes obstáculos dos republicanos, principalmente no Senado, e as regras para proibir as armas de assalto não têm apoio suficiente para avançar.
Mais de 18.000 pessoas morreram por violência armada nos Estados Unidos até agora em 2022, incluindo homicídio e suicídio, de acordo com o Gun Violence Archive, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos.