Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que gostaria de ser o "comandante" do Brasil para definir as regras de vacinação contra a Covid-19, e voltou a reclamar de ter sua autoridade relativizada por decisões judiciais que reconhecem as prerrogativas de prefeitos e governadores para tomarem medidas próprias de imunização a nível local.
O presidente questionou mais uma vez a segurança da vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos, apesar de reconhecer a posição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que autoriza a vacinação dessa faixa etária com o imunizante da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), e afirmou que gostaria de ser um "norte" para as decisões relacionadas ao tema.
"Falta é um comandante para isso daí. Se eu fosse o comandante, eu saberia como agir, mas não sou o comandante. Eu posso falar que sou contra vacinar menores de 12 a 17... O governador e o prefeito podem ignorar isso daí e tomar a providência que achar que tem que tomar", disse o presidente na transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais.
"Falta é um comandante no Brasil, eu queria ser esse comandante. Eu queria ter essa força para decidir. Eu me responsabilizo pelos meus atos", acrescentou.
O presidente criticou a decisão do Ministério da Saúde, tomada na véspera, de voltar atrás e autorizar a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, menos de uma semana após ter suspendido a aplicação do imunizante para a faixa etária.
A pasta havia alegado que Estados tinham iniciado a vacinação dos adolescentes antes do previsto e apontou efeitos adversos, como a morte de uma adolescente, que soube-se depois não ser relacionada à vacina. Mesmo com a orientação da pasta, os Estados continuaram vacinando os adolescentes.
Bolsonaro disse ser "um erro" e voltou a dizer que uma cláusula contratual da Pfizer isenta a farmacêutica de responsabilização por efeitos colaterais.
Bolsonaro fez a transmissão de sua live sem o tradicional acompanhamento de intérprete de libras e de assessores, uma vez que está isolado depois que o ministro Queiroga teve resultado positivo para Covid durante viagem a Nova York acompanhando o presidente.
O presidente, que em diversas ocasiões questionou a eficácia das vacinas e ainda não se vacinou, disse ser a favor da liberdade de escolha de cada um e admitiu que sua esposa, Michelle, decidiu tomar a vacina durante a viagem a NY.
Ele também voltou a carga contra a eficácia dos imunizantes. Questionou, por exemplo, o fato de Queiroga ter sido infectado, mesmo tendo tomado duas doses de vacina e "viver de máscara". Citou ainda duas pessoas "conhecidas" que, mesmo com o esquema vacinal completo, teriam se contaminado, e afirmou que pediria a elas que divulgassem que vacina tomaram.
Assim como no discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, o presidente também retomou sua defesa do uso de medicações com ineficácia já comprovada contra a Covid e disse que caso sinta necessidade, utilizará novamente.