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Brasil ignora o que deu certo em outros países contra Covid-19, diz MSF

Publicado 01.07.2020, 14:42
Atualizado 01.07.2020, 15:10
© Reuters. Pessoas circulam por rua de comércio popular no centro do Rio de Janeiro

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Apesar de sofrer duramente os efeitos da pandemia de Covid-19, o Brasil tem ignorado medidas que tiveram resultado positivo em outros lugares também afetados pela doença respiratória causada pelo novo coronavírus, que poderiam ter salvado muitas vidas no país, alertou nesta quarta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras, que tem atuado na linha de frente do combate ao vírus.

"O Brasil está fazendo o oposto do que temos visto em outros lugares", disse Dounia Dekhili, coordenadora da emergências da resposta da organização à crise da Covid-19 no Brasil, em videoconferência com jornalistas.

"Todos os países têm sofrido com essa epidemia. A Europa, os Estados Unidos, em todos os lugares houve grande impacto, mas aprendemos o que funciona e o que não funciona, e no Brasil parece que isso é ignorado pelas autoridades", acrescentou.

O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e de óbitos em decorrência da Covid-19, com mais de 1,4 milhão de infecções confirmadas e quase 60 mil mortes, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde na noite de terça-feira.

Apesar de o país ter tido mais tempo para se preparar do que outros, uma vez que o vírus detectado inicialmente na China atingiu primeiro países da Europa antes de chegar à América do Sul, problemas que se multiplicaram desde o início do surto fizeram do Brasil um dos epicentros da pandemia.

Enquanto países que tiveram sucesso em conter o vírus o fizeram graças a programas de testagem em massa e monitoramento de contatos de casos confirmados, além de medidas rígidas de isolamento social e quarentenas, o Brasil patinou em todas essas áreas.

Por mais de uma vez, o presidente Jair Bolsonaro já minimizou a pandemia, classificando a Covid-19 de uma "gripezinha" e desdenhando do número de mortos pela doença no país. Ele também entrou em rota de colisão com governadores que adotaram medidas de distanciamento social, como o fechamento do comércio, e acusou chefes de Executivos estaduais de exterminarem empregos.

Dois ministros da Saúde deixaram o cargo durante a pandemia por discordâncias com Bolsonaro, e o país está há mais de um mês com um general do Exército, Eduardo Pazuello, como ministro interino da pasta.

Mesmo sem ter atingido os níveis de testagem de Covid-19 recomendados por especialistas, e com casos e mortes por Covid-19 ainda em alta, diversos Estados e municípios começaram a afrouxar as medidas de isolamento social e a reabrir as atividades econômicas, aumentando os riscos de disseminação da doença.

"O aumento de casos e de mortes não é uma situação inevitável, em muitos casos poderia ser evitado, não deveria ser tratado simplesmente como uma fatalidade", disse Ana de Lemos, diretora-executiva de MSF-Brasil, na mesma entrevista.

"Precisamos de uma resposta ampla e coerente de todas as autoridades do governo", afirmou. "O fator mais importante é o alinhamento dos vários níveis de governo, em uma resposta que possa mostrar um comando dessa situação, o que é muito difícil de ver atualmente no Brasil."

A organização internacional tem atuado no enfrentamento à pandemia no país com seis ações emergenciais, sendo três projetos no Amazonas --incluindo em comunidades remotas--, um em Roraima, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Foram estabelecidos centros de tratamento, e o MSF também apoia equipes locais com treinamentos e supervisão, além de diversas outras ações.

Segundo a diretora-executiva da organização no Brasil, as autoridades precisam deixar claro para as pessoas que elas estão certas de cumprir as medidas recomendadas para combater a disseminação do vírus e, ao mesmo tempo, garantir apoio financeiro para que possam se manter durante esse período.

Além disso, defendeu a criação de "covidários", onde pessoas vulneráveis que não têm condições de se autoisolarem por morarem em casas muito cheias ou em abrigos possam ficar em isolamento para evitar a disseminação do vírus.

© Reuters. Pessoas circulam por rua de comércio popular no centro do Rio de Janeiro

A cobrança por uma voz única das autoridades brasileiras para orientar a população de forma adequada sobre o enfrentamento ao coronavírus também foi feita nesta quarta-feira por Francesco Rocca, presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

"Temos visto com preocupação o que tem acontecido no Brasil", disse Roca em entrevista coletiva em Genebra.

"Acho que uma das lições aprendidas dessa epidemia é que os políticos devem aprender a falar com uma voz, políticos devem seguir o conselho da comunidade científica, porque, senão, as consequências estão claras."

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