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Cariocas surfam na polêmica do isolamento durante pandemia do coronavírus

Publicado 07.04.2020, 11:12
Atualizado 07.04.2020, 11:20
© Reuters. Bodyboarder surfando na praia de Copacabana

Por Gram Slattery e Sérgio Queiroz

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Apesar das medidas de isolamento social, que visam proteger as pessoas do novo coronavírus, as praias do Rio de Janeiro têm ficado cheias de surfistas de olho no primeiro grande swell do ano.

A busca pela onda perfeita levou surfistas como Guilherme Faria a se envolver um amplo debate público sobre os limites legais dos esportes ao ar livre -- em seu caso, uma questão que em breve será decidida por um juiz.

O surfista, de 22 anos, disse que estava na praia de Copacabana no domingo quando um policial com um apito o tirou da água e levou à delegacia.

"Infelizmente, surfar agora é crime", disse Faria, que recebeu uma intimação --vista pela Reuters-- depois de ser autuado. "Eu não queria ser prejudicado futuramente por causa de uma bobeira dessa."

Algumas horas depois, mesmo sob ameaça de multa, Faria e sua prancha estavam de volta às ondas de Copacabana.

Como milhares dos moradores esportistas do Rio, Faria não conseguiu resistir aos atrativos do mundo exterior.

O calçadão na orla da cidade está repleto de corredores, e grupos de ciclistas continuam pedalando pelas ladeiras da cidade.

No dia 17 de março, autoridades municipais e estaduais determinaram que as pessoas devem ficar em casa, interditando praias e parques enquanto a pandemia do coronavírus se alastra pela cidade.

O Rio de Janeiro é o segundo Estado mais infectado pela doença no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, que relatou 12.056 casos confirmados de coronavírus em todo o país até o dia 6 de abril.

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Alguns atletas obedecem, citando o perigo de se disseminar a doença a caminho das praias. Muitos argumentam que ferimentos ligados às práticas esportivas poderiam desviar recursos médicos do combate ao coronavírus, e o debate também envolveu outros esportes.

"Existem opiniões diferentes entre associações esportivas diferentes. Novas diretrizes saem toda semana", disse Ana Carolina Corte, médica do Comitê Olímpico do Brasil. Ela acrescentou que alguns esportes ainda podem ser praticados sem aglomeração.

Até decretos legais têm sido questionados.

O governador do Estado do Rio, Wilson Witzel (PSC), proibiu que se fique nas praias, como alguns poderiam descrever um surfista na água, mas não proíbe que um skatista passe pelo calçadão.

Mas alguns surfistas têm dito que só atravessam a areia para entrar no mar, ou até que entram na água pelas pedras.

Muitos atletas, porém, admitem que seus treinos são menores diante do desafio que o país enfrenta. Governadores, incluindo Witzel, vêm alertando que os sistemas de saúde podem entrar em colapso em breve.

Bruno Bocayuva, um jornalista e surfista do Rio, abandonou as praias semanas atrás para pular corda, fazer flexões e se manter em forma dentro de casa como possível.

"Estou sentindo muita falta dessa sensação de estar dentro da água, de remar, furar a onda, de se conectar com a natureza. É o surfe que proporciona essa interação tão íntima. Mas eu sei que o momento é de pensar no coletivo", disse.

"Eu seguro essa onda, metaforicamente falando, para surfar de fato no futuro próximo."

DEBATE ACIRRADO

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Talvez devido à sua grande visibilidade, ou à sua postura antiestablishment, o surfe emergiu como um alvo preferencial da revolta contra aqueles que desrespeitam as medidas de isolamento em toda a América Latina.

Na Costa Rica, um vídeo publicado em uma rede social na semana passada mostrou um policial aparentemente disparando uma arma na direção de Rafael Villavicencio, um estudante de Direito de 28 anos, quando ele saía da água.

A Reuters não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo. O chefe da polícia da Costa Rica disse que a corporação iniciou uma investigação do incidente.

"Embora seja verdade que os surfistas não estavam seguindo as ordens, não significa que um agente deveria agir desta maneira", disse o advogado de Villavicencio, Rafael Brenes.

A mídia da Argentina criticou duramente um surfista por entrar no país vindo do Brasil com pranchas no teto do carro. Mais tarde ele violou uma quarentena obrigatória, de acordo com a polícia.

O presidente argentino, Alberto Fernández, o chamou de "idiota" em rede nacional de televisão.

As autoridades do Peru também causaram surpresa ao apanharem dois surfistas em uma operação amplamente divulgada envolvendo um helicóptero da polícia.

No Brasil, nação amante do surfe em que as praias urbanas costumam ficar cheias antes e depois do horário de trabalho, o debate tomou um rumo agressivo e até político.

O presidente Jair Bolsonaro repreendeu Witzel por fechar as praias, classificando a medida de "ditatorial".

Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), defendeu em uma publicação no Facebook na semana passada que seja emitido um decreto autorizando o surfe dentro das regras de distanciamento social.

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Com ou sem decreto, muitos surfistas estão simplesmente fazendo o que podem para pegar onda sem chamar atenção.

"Eu venho cedo para evitar essa polêmica toda do isolamento", disse o surfista veterano Ricardo Bocão ao deixar a água na praia de Ipanema, no domingo.

"Da mesma forma que as pessoas correm, escalam, andam de bicicleta, alguém pode pegar a prancha, sair de casa, ir direto para a água, remar e ir para casa".

(Reportagem adicional de Sergio Moraes no Rio de Janeiro e Alvaro Murillo em San José)

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