Por Ju-min Park e Antoni Slodkowski
TÓQUIO (Reuters) - Um foco de coronavírus em um hotel do Japão onde membros da delegação olímpica de judô do Brasil estão hospedados provocou novas preocupações com infecções durante os Jogos Olímpicos, que o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) prometeu nesta quarta-feira que serão "históricos".
Pouco mais de uma semana antes da cerimônia de abertura, novos casos ligados aos Jogos e infecções em alta em Tóquio ressaltam os riscos de sediar o maior evento esportivo do planeta durante uma pandemia, mesmo sem espectadores nos locais de competição.
Sete funcionários de um hotel da cidade de Hamamatsu, situada ao sudoeste de Tóquio, foram diagnosticados com coronavírus, disse uma autoridade municipal.
Mas os 31 membros da delegação brasileira hospedados no local, que inclui atletas de judô, está em uma "bolha" no hotel, separada dos outros hóspedes, e não foi infectada.
"Todas as medidas foram reforçadas no hotel onde seis atletas olímpicos de judô estão hospedados em Hamamatsu e que teve funcionários que testaram positivo para o novo coronavírus antes da chegada da deleção brasileira. Nenhum desses funcionários teve contato com os atletas brasileiros", disse o Comitê Olímpico do Brasil (COB) em nota.
"A delegação brasileira tem um elevador de uso exclusivo no hotel, usa apenas máscara N95, higieniza as mãos todo o tempo, faz as refeições em um restaurante separado. Além disso, todos, equipe do hotel e delegação brasileira, passam por testagem diária", acrescentou.
Tóquio, cidade-sede onde um estado de emergência foi imposto até depois do final da Olimpíada, em 8 de agosto, também registrou 1.149 casos novos de Covid-19 nesta quarta-feira, a maior quantidade em quase seis meses.
Variantes altamente contagiosas do vírus atiçam a onda mais recente de infecções, e a incapacidade de vacinar as pessoa mais rápido deixa a população vulnerável.
Especialistas médicos temem que "bolhas" olímpicas, impostas por autoridades da Tóquio 2020 na tentativa de afastar a Covid-19, possam não ser totalmente isoladas, já que a circulação de funcionários que prestam serviços nos Jogos pode criar oportunidades de contágio.
A Olimpíada, adiada no ano passado porque o vírus estava se disseminando em todo o mundo, perde muito apoio público no Japão por causa dos temores de que desencadeará uma disparada de infecções.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, elogiou os organizadores e o povo japonês por sediarem os Jogos durante uma pandemia.
"Estes serão Jogos históricos... pela maneira como o povo japonês superou tantos desafios nos últimos dois anos, o grande terremoto no leste do Japão e agora a pandemia de coronavírus", disse Bach aos repórteres depois de se encontrar com o primeiro-ministro Yoshihide Suga.
Líderes japoneses tinham a esperança de que os Jogos reagendados para este ano seriam uma comemoração da vitória do mundo sobre o coronavírus, mas os novos focos de infecções adiaram estas celebrações.
(Por Ju-min Park, Antoni Slodkowski, Joseph Campbell e Sam Nussey; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)