Por Chang-Ran Kim e Daniel Leussink
TÓQUIO (Reuters) - O principal conselheiro médico do Japão criticou o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, nesta quarta-feira por visitar Tóquio novamente agora que o país está ampliando suas restrições de emergência para conter a pandemia de Covid-19.
O Japão acionará estados de emergência em mais oito municípios a partir de sexta-feira, elevando para 21 o total de regiões, desde Hokkaido, no norte, à ilha de Okinawa, no sul, e cobrindo quase 80% da população.
Em um comunicado atipicamente áspero para uma autoridade japonesa, o doutor Shigeru Omi insinuou que a decisão de Bach de voar ao Japão novamente para a cerimônia de abertura da Paralimpíada na terça-feira minou os esforços de persuadir as pessoas a evitarem viagens e trabalhar em casa.
"Dissemos várias vezes: 'Que tipo de recado a Olimpíada dará ao público?'", disse Omi, imunologista que preside a comissão de aconselhamento para o coronavírus do governo que aprovou o plano de emergência, em uma sessão parlamentar.
"Estamos pedindo às pessoas que trabalhem em casa. Se o presidente Bach precisa fazer um discurso (para a Paralimpíada), por que não poderia fazê-lo remotamente? Por que tem que se dar o trabalho de vir até aqui?", questionou Omi, recebendo aplausos de alguns parlamentares.
Bach passou mais de um mês no Japão durante os Jogos Olímpicos, que terminaram em 8 de agosto. O COI não respondeu de imediato a um pedido de comentário enviado por email nesta quarta-feira.
Meses de restrições de emergência em Tóquio e áreas vizinhas não reverteram uma disparada de infecções, e cerca de 90% dos leitos de unidades de tratamento intensivo da capital estão ocupados.
(Reportagem adicional de Sam Nussey)