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Desigualdade no Brasil tem leve queda em 2019, mas coronavírus deve reverter trajetória

Publicado 06.05.2020, 10:09
Atualizado 06.05.2020, 11:35
© Reuters. Comunidade do Pavão-Pavãozinho em contraste a prédios na orla de Copacabana, no Rio

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A desigualdade no Brasil registrou ligeira queda em 2019 na comparação com o ano anterior, antes da pandemia de coronavírus afetar o país provavelmente revertendo essa trajetória e levando muitos brasileiros à pobreza no país, de acordo com o IBGE.

A queda na concentração de renda no Brasil só não foi maior por conta do Nordeste, região do país com elevados níveis e pobreza e a única a apresentar no ano passado crescimento no índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita.

O índice para o Brasil ficou em 0,543 em 2019, ante 0,545 em 2018. Pela metodologia, quanto mais perto de 1 mais desigual é um país. Por outro lado, quanto mais perto de zero é o Gini de um país, menos desigual ele é.

Segundo o IBGE, o Gini domiciliar per capita, que considera a renda do trabalho (cerca de 70% do total) e a renda proveniente de outras fontes, como pensões, aposentadorias, programas assistenciais, aluguel e rendimentos, apresentou quedas nas regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

No entanto, o índice subiu mais fortemente no Nordeste, ao atingir 0,559 em 2019 ante 0,545 em 2018.

"A renda do trabalho ficou estável para os primeiros 50% da população e houve um aumento de 15,8% nos 1% mais ricos. Ou seja, em 2019 tem aumento na faixa superior e isso afetou a desigualdade" , disse a jornalistas a pesquisadora do IBGE Alessandra Brito.

"Essa questão da renda no Nordeste tem a ver com as características do mercado de trabalho em 2019”, acrescentou.

Em 2019, houve uma abertura de vagas no mercado de trabalho brasileiro marcada por trabalhos informais, seja por conta própria, seja sem carteira assinada. Tradicionalmente, esse tipo de inserção no mercado se dá com salários mais baixos, além da falta de proteção social.

O Gini no Brasil teve uma trajetória de queda entre os anos de 2012 a 2015, quando o país foi governado por partidos de esquerda, mas ainda na gestão da petista Dilma Rousseff o índice passou a se deteriorar e a ter um comportamento errático.

Segundo o IBGE, entre 2012 e 2015 houve uma tendência de redução do índice sobre o rendimento domiciliar per capita de 0,540 para 0,524, que foi revertida a partir de 2016, quando o índice aumentou para 0,537, chegando ao maior valor da série em 2018 (0,545).

© Reuters. Comunidade do Pavão-Pavãozinho em contraste a prédios na orla de Copacabana, no Rio

O ano de 2020 já é marcado por uma onda de demissões no Brasil em razão da pandemia de Covid-19. Os primeiros sinais começaram a ser mostrados pelo IBGE na pesquisa Pnad Contínua de março, quando a taxa de desemprego alcançou 12,2%.

O IBGE vai divulgar este mês uma pesquisa específica sobre os impactos da doença sobre o mercado de trabalho. "Temos milhões de postos de trabalho sendo destruídos pela pandemia e precisamos de uma resposta rápida”, afirmou a jornalistas o diretor do IBGE, Cimar Azeredo Pereira.

Em 2019, segundo o IBGE, a faixa de 1% da população brasileira mais rica tinha uma renda média 33,7 vezes maior que a metade da população mais pobre do país. Em 2018, essa razão era de 33,8 vezes. Esse indicador mostrou trajetória de redução de 2013 (31,2 vezes) até 2016 (30,5 vezes), a partir de quando voltou a crescer, alcançando 31,2 vezes em 2017.

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