Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - Embarques de carne bovina da Argentina para a União Europeia caíram para quase zero em meio à pandemia global de coronavírus, enquanto vendas para a China, principal compradora, recuaram para abaixo de níveis do ano passado, disseram representantes da indústria à Reuters.
A queda nas exportações ressalta como o vírus tem afetado cadeias globais de suprimento de alimentos, com a demanda impactada por fechamentos de restaurantes e o transporte de bens bloqueado por medidas que visam controlar a disseminação da doença.
Os embarques argentinos de carne haviam disparado nos últimos anos, impulsionados principalmente pela demanda da China, o que ajudou o país a levar suas exportações de carne em 2019 a 3 bilhões de dólares.
As exportações saltaram 50% no ano passado, para 845,8 mil toneladas, com a China ficando com cerca de três quartos disso, segundo dados oficiais. A União Europeia respondeu por 9% das vendas.
"Devido ao impacto da pandemia, os mercados de exportações cortaram muitas de suas compras e estão extremamente restritos", disse o presidente do consórcio ABC de exportadores argentinos de carne, Mario Ravettino.
Ele disse que as exportações para a China em março caíram em 15% ante os níveis do ano passado, quando a Argentina enviava cerca de 50 mil toneladas por mês para atender à demanda chinesa.
Representantes da indústria de carne argentina dizem que o mercado da Europa, agora no centro da pandemia, viu um colapso ainda maior da demanda, o que basicamente paralisou as exportações para a região, que normalmente compra cortes mais caros.
"Na Europa, praticamente todos restaurantes estão fechados porque eles estão em quarentena e carne na Europa é basicamente consumida em restaurantes", disse o diretor da Câmara da Indústria e Comércio de Carne, Miguel Schiariti.
"Importadores disseram: pare, não me mandem mais nada."
Ravettino concordou. "A União Europeia desapareceu do mercado. Não há exportações para a UE no momento."