Por Leika Kihara e Daniel Leussink
TÓQUIO (Reuters) - As restrições do estado de emergência do Japão não estão contendo a movimentação de pessoas tão efetivamente quanto antes, de acordo com dados de mobilidade, prejudicando os esforços do governo para desacelerar as infecções por Covid-19 e aumentando o risco de um adiamento da recuperação econômica.
Um aumento nos casos da variante Delta do coronavírus forçou o governo japonês a prorrogar na terça-feira seu quarto estado de emergência por cerca de duas semanas, até 12 de setembro, e ampliar as áreas de adoção das medidas para quase 60% da população.
Após repetidas paralisações e relaxamentos, no entanto, os pedidos voluntários para ficar em casa podem não estar surtindo efeito entre a população fatigada pela pandemia, com dados de mobilidade apontando para um recente aumento no movimento em torno das estações de trem do país.
Embora o aumento da mobilidade esteja sustentando o consumo no curto prazo, está fazendo pouco para desacelerar as infecções, que analistas temem que possam atrasar uma reabertura completa e uma recuperação mais ampla da terceira maior economia do mundo.
A mobilidade em torno da estação de Tóquio, o principal centro de transportes da capital, aumentou 233% na segunda-feira em relação à semana anterior conforme as pessoas voltavam das férias, de acordo com dados da empresa privada Agoop Corp, citados em um portal do governo. Na estação Shinjuku, de Tóquio, a mobilidade aumentou 17,2% no mesmo período.
Dados separados do governo mostram que o tráfego de pedestres nas estações da região de Tóquio caiu 37% em relação aos níveis pré-pandemia em 4 de agosto, bem menos do que a marca de 70% de queda atingida em um ponto do mês de abril do ano passado durante o primeiro estado de emergência.
As limitações das atuais restrições ficaram evidentes no surpreendente aumento do consumo no segundo trimestre, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer mais do que o esperado.
"Tenho sentimentos muito mistos sobre este resultado do PIB", disse o ministro da Economia, Yasutoshi Nishimura, que supervisiona as políticas econômicas e da pandemia. "Isso mostra que o apetite por consumo das famílias está muito forte, apesar das restrições do estado de emergência."
O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, rejeitou a ideia de impor lockdowns mais rígidos ou um estado de emergência em todo o país, em parte por medo de prejudicar a economia.
Demorar para conter a pandemia com restrições moderadas, no entanto, pode prejudicar o consumo e atrasar uma recuperação econômica sustentada, dizem analistas.
(Por Leika Kihara e Daniel Leussink; reportagem adicional de Tetsushi Kajimoto, Rocky Swift, Kantaro Komiya em Tóquio e Sakura Murakami em Fukuoka)