Por Alexander Winning e Wendell Roelf
JOANESBURGO (Reuters) - Multidões entraram em conflito com a polícia e saquearam e incendiaram shopping centers em cidades da África do Sul nesta terça-feira, com informações sobre dezenas de mortos depois que os protestos desencadeados pela prisão do ex-presidente Jacob Zuma evoluíram para a pior onda de violência em anos.
As manifestações que seguiram a prisão de Zuma na semana passada por seu não comparecimento em uma audiência que investiga corrupção se ampliaram para saques e depredações, evidenciando a fúria geral em relação às dificuldades e a desigualdade que persistem no país, mesmo 27 anos após o fim do apartheid.
A pobreza tem sido exacerbada por restrições sociais e econômicas severas adotadas com o objetivo de conter a propagação da Covid-19.
Autoridades de segurança dizem que o governo está trabalhando para conter a onda de saques e violência, que se espalhou da casa de Zuma na província de KwaZulu-Natal (KZN) para a maior cidade do país, Joanesburgo, e para a província em de Gauteng em seu entorno, assim como para a cidade portuária de Durban, na costa do Oceano Índico.
O Serviço Policial Sul-Africano (SAPS, na sigla em inglês) disse na noite de terça-feira que 72 pessoas morreram e 1.234 foram presas nos últimos dias de protestos, que agora se transformaram em ondas desenfreadas de tumultos e saques.
Há informações de episódios esporádicos de violência em duas outras províncias, e de "policiais patrulhando áreas consideradas de ameaça em um esforço para impedir possíveis episódios de criminalidade", afirmou o SAPS. Soldados foram enviados às ruas para conter as agitações.
Zuma, de 79 anos, foi condenado no mês passado por desafiar uma ordem de um tribunal constitucional para cooperar com um inquérito que investiga corrupção de alto nível durante seus nove anos no governo, encerrados em 2018.