BRASÍLIA (Reuters) -A Polícia Federal confirmou que houve crime de ameaça contra diretores e servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por parte de um cidadão do Paraná contrário à vacinação de crianças contra a Covid-19, informou a PF nesta terça-feira.
A PF disse que a investigação desse primeiro caso, em que o homem enviou ameaças por e-mail à diretores da Anvisa, foi concluída e encaminhada para análise da Justiça. Segundo o órgão, há outras investigações de ameaça contra a agência reguladora sendo realizadas pela corporação.
O Ministério Público Federal no Distrito Federal informou que foi oferecida uma denúncia no âmbito da investigação.
As ameaças contra a cúpula da Anvisa ganharam destaque recentemente após o próprio presidente Jair Bolsonaro ter criticado a decisão do órgão de autorizar o uso da vacina da Pfizer (NYSE:PFE) para crianças de 5 a 11 anos, e também dito que gostaria de saber o nome dos servidores da agência responsáveis por essa decisão.
A direção da Anvisa reagiu às falas de Bolsonaro, afirmando que se encontra no alvo de "ativismo político violento" e assegurando que é "avessa a pressões externas".
Segundo a Anvisa, somente nos últimos dias apenas um dos gabinetes de diretoria recebeu 123 e-mails com ameaças ou intimidações. "O levantamento é de cerca de 150 e-mails, de sexta até ontem à tarde, com ameaças e intimidações à Anvisa", informou a agência.
Apesar da decisão da Anvisa, o governo tem resistido a comprar o imunizante pediátrico da Pfizer contra a Covid e, mesmo sendo questionado no Supremo Tribunal Federal (STF), deverá deixar uma decisão sobre a aquisição para o início de janeiro.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca)