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PF vê crimes de Bolsonaro em associar HIV à Covid e quer depoimento do presidente

Publicado 17.08.2022, 19:35
© Reuters. 06/06/2022
REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal considerou que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes ao fazer uma associação --sem provas e falsamente-- entre a vacinação contra Covid-19 e o suposto desenvolvimento da Aids, pediu a prorrogação do inquérito que investiga o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e quer tomar o depoimento do chefe do Executivo.

Em manifestação encaminhada no final da tarde desta quarta-feira ao STF, a delegada da PF Lorena Lima Nascimento entendeu que Bolsonaro encorajou o descumprimento da medida sanitária que obrigava o uso de máscaras, delito de incitação ao crime, e ainda provocou alarme a terceiros de um perigo inexistente, o que seria uma contravenção penal -- outro delito de menor potencial ofensivo.

A PF pede que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, relator do inquérito, autorize a corporação a indiciar Bolsonaro e outros envolvidos no caso.

Em uma transmissão pelas redes sociais em outubro do ano passado, o presidente disse que relatórios do governo do Reino Unido teriam mostrado que pessoas totalmente vacinadas contra Covid teriam desenvolvido Aids.

Ao enviar ao STF um novo relatório parcial das investigações, a delegada disse que é necessário realizar novas diligências para concluir as apurações, dentre elas ouvir o próprio Bolsonaro.

"(...) E, como último ato do presente inquérito, seja oportunizada a oitiva do Senhor Presidente da República, cuja formatação - presencial ou por escrito, é solicitada a devida autorização ao Exmo. Ministro Relator", pediu ela ,dirigindo-se a Alexandre de Moraes.

© Reuters. 06/06/2022
REUTERS/Adriano Machado

Procurada, a Advocacia-Geral da União não respondeu de imediato a pedido de comentário.

Moraes assumiu na véspera o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e será responsável por conduzir o pleito. Nos últimos meses, ele tem sido alvo de constantes ataques do presidente por alegações --também sem provas-- de falta de segurança no sistema de votação por meio das urnas eletrônicas.

Esse inquérito havia sido aberto por Moraes contra Bolsonaro após o ministro do STF ter sido provocado pelo ex-presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM).

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