Por Costas Pitas e Madeline Chambers e Toby Sterling
LONDRES, BERLIM, AMSTERDÃ (Reuters) - Reino Unido, Alemanha e Itália detectaram casos da nova variante do coronavírus ômicron neste sábado e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novas medidas para conter o vírus, enquanto mais nações impunham restrições às viagens do sul da África.
A descoberta da variante gerou preocupação global, uma onda de proibições ou restrições a viagens e uma venda generalizada nos mercados financeiros na sexta-feira, com investidores temendo que a ômicron possa impedir uma recuperação global da pandemia de Covid-19, que já dura quase dois anos.
Os dois casos vinculados da nova variante detectados no Reino Unido foram relacionados a viagens ao sul da África, disse o ministro da Saúde britânico, Sajid Javid.
Falando mais tarde, Johnson divulgou medidas que incluíam regras de teste mais rígidas para pessoas que chegam ao país, mas que não chegaram a restringir atividades sociais, se limitando à exigência do uso de máscara em alguns ambientes.
"Exigiremos que qualquer pessoa que entrar no Reino Unido faça um teste de PCR ao final do segundo dia após sua chegada e se isole até que tenha um resultado negativo", disse Johnson em entrevista coletiva.
Pessoas que tiverem entrado em contato com outras com teste positivo para um caso suspeito de ômicron terão que se isolar por 10 dias e o governo tornará mais rígidas as regras sobre o uso de máscaras, afirmou Johnson, acrescentando que as etapas serão revistas em três semanas.
O Ministério da Saúde no Estado alemão da Bavária também anunciou neste sábado dois casos da nova variante ômicron do coronavírus. As duas pessoas infectadas entraram na Alemanha no aeroporto de Munique em 24 de novembro, antes que a Alemanha designasse a África do Sul como uma área de variante do vírus, e agora estão isoladas, disse o ministério.
Na Itália, o Instituto Nacional de Saúde informou a ocorrência de um caso da nova variante, detectado em Milão em uma pessoa vinda de Moçambique.
As autoridades de saúde tchecas também disseram que estavam examinando um caso suspeito da variante em uma pessoa que passou um período na Namíbia.
A ômicron, classificada como "variante de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde, é potencialmente mais contagiosa que as variantes anteriores da doença, embora especialistas ainda não saibam se ela causará uma doença mais ou menos grave em comparação com outras cepas de coronavírus.
O diretor médico da Inglaterra, Chris Whitty, afirmou que havia uma chance razoável de que a variante recém-identificada pudesse ser menos fácil de combater com vacinas.
A variante foi descoberta pela primeira vez na África do Sul e, desde então, também foi detectada na Bélgica, Botswana, Israel e Hong Kong.
VOOS PARA AMSTERDÃ
As autoridades holandesas disseram que 61 das cerca de 600 pessoas que chegaram a Amsterdã em dois voos da África do Sul na sexta-feira testaram positivo para o coronavírus. As autoridades de saúde estão realizando mais testes para ver se esses casos envolvem a nova variante.
Uma passageira que chegou da África do Sul na sexta-feira, a fotógrafa holandesa Paula Zimmerman, disse ter testado negativo, mas estava ansiosa com os dias que viriam, depois de passar horas em um voo que provavelmente tinha muitos passageiros infectados.
"Disseram-me que a expectativa é que mais pessoas tenham teste positivo depois de cinco dias. É um pouco assustadora a ideia de que você esteve em um avião com muitas pessoas com teste positivo", disse ela.
Pode levar semanas para os cientistas entenderem completamente as mutações da variante e se as vacinas e os tratamentos existentes são eficazes contra ela. Ômicron é a quinta variante de preocupação designada pela OMS.
RESTRIÇÕES DE VIAGEM
Embora epidemiologistas digam que as restrições às viagens podem ser muito tardias para impedir que a ômicron circule globalmente, muitos países ao redor do mundo --incluindo Estados Unidos, Brasil, Canadá e países da União Europeia-- anunciaram proibições ou restrições de viagens do sul da África na sexta-feira.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA e o Departamento de Estado desaconselharam neste sábado viagens para oito países do sul da África depois que a Casa Branca anunciou novas restrições de viagens em resposta à nova variante.
Também neste sábado, a Austrália disse que iria proibir a entrada de não-cidadãos que estiveram em nove países do sul da África, exigindo quarentenas supervisionadas de 14 dias para os cidadãos australianos retornando desses países.
O Japão afirmou que estenderia seus controles de fronteira mais rígidos para mais três países africanos, após ter imposto restrições às viagens da África do Sul, Botswana, Eswatini, Zimbábue, Namíbia e Lesoto na sexta-feira.
O Reino Unido também disse que está expandindo sua "lista vermelha" para restringir viagens em mais países do sul da África, enquanto Coreia do Sul, Sri Lanka, Tailândia, Omã, Kuwait e Hungria anunciaram restrições de viagens a países da região.
A África do Sul está preocupada que as restrições afetem o turismo e outros setores de sua economia, disse o Ministério das Relações Exteriores neste sábado, acrescentando que o governo está em contato com países que impuseram proibições de viagens para persuadi-los a reconsiderar a questão.
A ômicron surgiu num momento em que muitos países da Europa já estão lutando contra um aumento nas infecções por Covid-19, e alguns reintroduziram restrições à atividade social para tentar impedir a propagação do vírus. Áustria e Eslováquia já adotaram lockdown.