Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia acredita que o Reino Unido pedirá que o período de transição pós-Brexit seja prorrogado para depois do final do ano, disseram diplomatas e autoridades nesta segunda-feira, já que as negociações foram interrompidas devido à pandemia de coronavírus.
A Europa está adotando um isolamento social abrangente para tentar conter a disseminação da doença respiratória causada pelo vírus. Mais de 330 mil infecções e quase 21 mil mortes foram relatadas no continente.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson e seu ministro da Saúde foram diagnosticados com o vírus, e o principal conselheiro do premiê, Dominic Cummings --um dos mentores da desfiliação britânica da UE-- se isolou por estar com sintomas.
"A pandemia de coronavírus complica o cronograma já bastante ambicioso", disse David McAllister, parlamentar alemão conservador da UE que preside o grupo do Parlamento Europeu responsável pelo Brexit.
"A UE sempre esteve aberta à prorrogação do período de transição. Está claro que agora a bola está no campo britânico... até agora, o governo do Reino Unido vem rejeitando constantemente tal opção. Nas circunstâncias atuais, Londres deveria reexaminar cuidadosamente um prolongamento".
O Reino Unido e a UE estão tentando acertar até o final do ano um novo acordo comercial que entraria em vigor em 2021, mas o bloco diz há tempos que tal prazo é extremamente curto para se combinar regras de cooperação que vão do comércio à segurança e à pesca.
Johnson descartou várias vezes um adiamento da data em que o Brexit finalmente entrará em vigor, depois de ser aprovado em uma votação em 2016, e disse que seu país também está pronto para recuar de seus acordos de cooperação atuais até o final do ano sem um novo pacto.
Diplomatas da UE disseram nesta segunda-feira que esperam um pedido de Londres em maio ou junho.
Mas uma fonte do governo britânico disse, ao ser indagada sobre a questão, que este se aterá aos seus planos.
"É algo a respeito do qual o governo é muito claro – que não pretende prorrogar o período de transição", disse. "O governo está comprometido a sair no final do ano -- idealmente, como um acordo. Mas se não, sem um".