Por Tony Munroe
PEQUIM (Reuters) - O presidente chinês, Xi Jinping, subirá ao palco no domingo para dar início a um congresso histórico do Partido Comunista, onde está prestes a conquistar um terceiro mandato que deve solidificar seu lugar como o governante mais poderoso da China desde Mao Tsé-Tung.
O congresso ocorre em um momento tumultuado, com a adesão de Xi à sua política de Covid-zero prejudicando a economia, enquanto seu apoio ao russo Vladimir Putin isolou ainda mais o país em relação ao Ocidente. Ainda assim, diplomatas, economistas e analistas ouvidos pela Reuters dizem que Xi deve consolidar seu controle do poder.
O congresso de aproximadamente uma semana acontecerá com cerca de 2.300 delegados, amplamente a portas fechadas, no vasto Grande Salão do Povo, na Praça da Paz Celestial. A capital chinesa aumentou a segurança e intensificou a triagem para a Covid-19. Na província vizinha de Hebei, as siderúrgicas foram instruídas a reduzir as operações para melhorar a qualidade do ar, disse uma fonte da indústria.
A opacidade da política chinesa, que foi intensificada desde que Xi assumiu o poder há uma década, significa que os observadores do partido devem especular sobre quem serão os nomeados para cargos importantes e o que essas nomeações significam.
Ainda assim, poucos esperam um desvio significativo na direção durante um terceiro mandato de Xi, com foco contínuo em políticas que priorizam segurança e autossuficiência, controle estatal da economia, diplomacia mais assertiva, forças armadas mais fortes e pressão crescente para tomar Taiwan.
O congresso deve começar com Xi lendo um longo relatório em um discurso televisionado que delineará as prioridades gerais para os próximos cinco anos. O evento inicia um processo de mudança de equipe com meses de duração no topo do partido e do governo que será concluído em março na sessão anual do Parlamento.
Ao garantir um terceiro mandato, Xi rompe com o precedente de dois mandatos das últimas décadas e também com as normas: nenhum sucessor de Xi, de 69 anos, deve ser identificado, dizem analistas, o que indicaria que ele planeja permanecer no poder ainda mais.
O discurso de abertura de Xi no último congresso, em 2017, foi amplamente otimista, incluindo planos ambiciosos para transformar a China em uma potência global líder até 2050. Ele mencionou "reformas" 70 vezes em um discurso que durou quase três horas e meia.
Desde então, as circunstâncias mudaram drasticamente: a economia da China foi prejudicada pelas restrições da Covid-19, uma crise esmagadora no setor imobiliário e um retrocesso após a repressão de Xi ao setor de tecnologia sob a bandeira da "prosperidade comum". Globalmente, as relações de Pequim com o Ocidente se deterioraram drasticamente.
(Reportagem adicional de Yew Lun Tian, Kevin Yao, Eduardo Baptista e redação de Pequim)