Jairo Mejía.
Tóquio, 9 dez (EFE).- O Japão cresceu no terceiro trimestre muito
abaixo do anunciado previamente, apenas 1,3% a ritmo anual, em vez
de 4,8%, por causa de uma forte queda do investimento pelas
empresas, anunciou hoje o Governo.
Um porta-voz do escritório do Gabinete, encarregado de publicar
os dados do Produto Interno Bruto (PIB), disse à Agência Efe que
essa forte variação foi porque os investimentos de capital
contraíram 2,8% frente ao trimestre anterior, em vez de crescer
1,6%, como indicava o relatório preliminar.
Segundo fontes do Gabinete, a revisão do PIB japonês é feita
incorporando novos dados disponíveis sobre seus principais
elementos, como consumo privado, investimentos e balança comercial,
enquanto o primeiro dado preliminar é baseado em estimativas.
Esta moderação no caminho da recuperação iniciado pelo Japão no
segundo trimestre do ano mostra que as grandes empresas
manufatureiras investiram muito menos do que se acreditava em
fábricas ou bens de capital, e evidencia uma freada forte na
locomotiva de produção japonesa.
Os dados revisados hoje pelo Governo, a respeito do anunciado
previamente em novembro, reduzem o crescimento do Japão no segundo
trimestre consecutivo em que tinha conseguido gerar riqueza, e
aumenta o temor de que o país volte à recessão, por causa da força
do iene e da deflação.
Estes dois problemas são os que fazem com que as empresas tenham
receio em investir, já que uma moeda forte prejudica suas
exportações e a repatriação do lucro, enquanto a queda dos preços
reduz a receita e impede iniciar planos de crescimento.
A Toyota, um dos grandes fabricantes japoneses, reduzirá seus
investimentos no final do ano fiscal, em março, em 70 bilhões de
ienes (580 milhões de euros), enquanto a Sony continuará reduzindo
custos e pessoal para sair das perdas.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o crescimento do
PIB japonês no período de julho a setembro foi de 0,3%, frente ao
1,2% de aumento anunciado em meados de novembro.
Os analistas da agência local "Kyodo" já esperavam uma revisão
para baixo do dado de crescimento da segunda economia mundial,
depois que os números provisórios para o terceiro trimestre
superaram as previsões.
Os dados provisórios tinham sido recebidos positivamente pelo
novo Governo do Partido Democrático (PD), que fez história ao vencer
as eleições de 30 de agosto com novos planos para sair da crise,
mas, no último mês, a sombra da recessão diminuiu a popularidade do
novo Executivo.
Para sustentar o frágil crescimento, o Governo do
primeiro-ministro Yukio Hatoyama apresentou ontem seu primeiro plano
de estímulo, de 7,2 trilhões de ienes (55,385 bilhões de euros),
para incentivar o consumo de automóveis, eletrodomésticos e
eletrônicos, e, assim, melhorar os resultados das multinacionais
japonesas.
Muitos especialistas não acham que este plano, o quarto que
amplia o orçamento do Estado desde o início da crise, terá efeitos
positivos a longo prazo em uma economia com graves problemas em suas
contas.
O próprio ministro das Finanças japonês, Hirohisa Fujii,
reconheceu que a situação orçamentária do Japão é "extremamente
grave", já que sua dívida pública continua aumentando para poder
financiar os planos contra a crise, e já quase duplica o volume do
PIB.
Até o momento, a despesa dos consumidores japoneses, responsável
por 60% do PIB, cresce moderadamente, graças aos programas de
subsídios à compra, o que mantém vivo o crescimento da economia
japonesa.
No terceiro trimestre do ano, o consumo aumentou 0,9%, segundo o
dado revisado hoje ligeiramente para cima, mas os economistas
duvidam que essa tendência consiga se manter sem injeções de
dinheiro público. EFE