Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A Comissão de Ética da Presidência da República prevê abrir processos investigatórios contra ministros do governo do presidente Michel Temer que tenham sido citados na delação premiada dos donos da JBS (SA:JBSS3), informou nesta segunda o presidente da Comissão, Mauro Menezes.
"Causaram preocupação (a delação), tanto que geraram debate já nessa reunião e a comissão terá de trazer isso para o campo da análise da ética pública dentro dos limites da competência", disse Menezes, ressaltando que atos cometidos pelo presidente e vice-presidente não podem ser analisados pela comissão.
De acordo com Menezes, nada foi aberto ainda nesta sessão porque a comissão não teve condições de analisar toda a delação e não teria como abrir os procedimentos contra todos os implicados desta vez.
A comissão, no entanto, decidiu abrir procedimento investigativo contra cinco ex-ministros dos governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff por envolvimento em fatos citados pelos executivos da Odebrecht em seus processos da operação Lava Jato.
Entre eles, Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes; Edison Lobão, senador e ex-ministro de Minas e Energia; Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro de Integração Nacional; Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda; e Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações.
Na última reunião, a comissão já havia aberto processos contra os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco; e da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab por terem praticado atos ilícitos, de acordo com os delatores, em períodos em que eram ministros.
Os três já entregaram suas defesas, mas a comissão decidiu pedir mais informações e deu novo prazo de 10 dias para as respostas.
A comissão pode determinar, em casos em que considere que há indícios de violação da ética pública, uma censura ética, que fica anexada ao currículo dos servidores. No caso dos ministros em atividade, pode ser recomendada ao presidente da República a exoneração, mas não existe a exigência de ser seguido.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)