Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Nordeste Brasileiro (BNB), que tem aumentado os desembolsos para projetos de energia renovável, pretende estrear neste ano uma nova modalidade em financiamento do setor, ao oferecer empréstimos para a compra de painéis solares por pessoas físicas.
Os painéis poderiam ser instalados em telhados de casas, por exemplo, disse à Reuters um executivo da instituição de fomento do Nordeste, região que tem buscado ficar menos dependente da geração hidrelétrica devido aos riscos associados ao clima mais seco.
O banco estatal já realizou cerca de 100 milhões de reais em operações para instalações solares como essas, conhecidas como microgeração distribuída.
Mas a ideia é ampliar a linha, que hoje atende principalmente pequenas empresas interessadas na solução, disse o superintendente de Negócios de Atacado e Governo do BNB, Helton Chagas Mendes.
A verba para as operações do BNB é proveniente do Fundo Constitucional de Financiamento ao Nordeste, provido de recursos federais. O banco prevê ter 30 bilhões de reais para operações em 2018, dos quais cerca de 14,5 bilhões de reais devem ir para infraestrutura, a maior parte para projetos de energia limpa.
"No segmento de energia, trabalhamos com todos os portes de empreendimento de geração... já estávamos operando desde o ano passado com microgeração para pequenas e micro empresas, mas vamos começar este ano ainda a microgeração para pessoa física", afirmou Mendes.
Ele disse que essas operações envolvem valores menores, de 15 mil a 200 mil reais, por exemplo.
Essas transações, segundo ele, têm potencial para ir bem além do volume já movimentado até o momento, dado o forte crescimento do mercado para instalações solares de pequeno porte no Brasil.
Já o orçamento do BNB para apoiar projetos na área de energia em geral neste ano deve ficar entre 10 bilhões e 12 bilhões de reais, afirmou Mendes.
O banco de fomento voltou a financiar negócios no setor no ano passado, após o governo federal ter vetado as operações com energia em 2011.
"Passamos uns seis anos fora do segmento, e no início de 2017 veio a autorização para os fundos constitucionais voltarem a financiar energia. Ano passado financiamos 3,6 bilhões de reais", disse.
O banco participa com até 80 por cento do valor dos projetos --o que é condicionado à utilização de equipamentos com fabricação local.
Segundo Mendes, o banco tem direcionado em média 60 por cento dos recursos para empreendimentos eólicos e 40 por cento para projetos solares, enquanto linhas de transmissão também podem ser alvo dos empréstimos, desde que na região Nordeste.
No setor solar, os financiamentos cobrem em geral de 30 a 60 por cento do investimento, dado que as usinas utilizam muitos equipamentos importados, que não podem entrar na cota de empréstimos do BNB.
Para as usinas eólicas, que contam com maior disponibilidade de equipamentos de produção nacional, os empréstimos geralmente ficam mais próximos do teto de 80 por cento.
TAXA COMPETITIVA
A taxa de juros das operações oferecidas pelo BNB atualmente é de cerca de 5,5 por cento ao ano, disse Mendes, o que ele considera o patamar mais competitivo disponível para os investidores em energia.
"Hoje temos as melhores taxas do mercado e o apetite do banco para financiar infraestrutura no Nordeste é considerável, porque a gente acredita que a infraestrutura na região, além de melhorar a qualidade de vida, representa geração de emprego", afirmou.
O baixo nível de custos tem feito com que o banco seja bastante procurado pelos empreendedores do setor, segundo o executivo.
Ele afirmou ainda que a expectativa do BNB é que os recursos anuais para operações do banco no setor de energia se estabilizem em torno dos níveis previstos para este ano, na casa dos 10 bilhões de reais.
(Por Luciano Costa)