Por Luc Cohen e Rodrigo Campos
BUENOS AIRES/NOVA YORK (Reuters) - Os investidores aguardam nesta sexta-feira pistas de um pacote fiscal que o governo argentino afirmou que irá anunciar na próxima semana após as dramáticas perdas do peso, enquanto a oposição convocava protestos em meio ao aumento dos descontentes com o presidente Mauricio Macri.
O peso perdeu 20 por cento de seu valor contra o dólar nos dois dias desde que Macri anunciou que pediu ao Fundo Monetário Internacional que antecipasse desembolsos do acordo de financiamento de 50 bilhões de dólares, o que alarmou os mercados sobre a capacidade da Argentina de financiar seu déficit de 2019.
Falando a repórteres na quinta-feira à noite, o ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, afirmou que o governo anunciará uma série de novas medidas econômicas na segunda-feira, e que buscará um déficit fiscal primário em 2019 abaixo da meta de 1,3 por cento Produto Interno Bruto acordada com o FMI.
O governo precisa fazer o que for preciso para colocar a conta fiscal em ordem, disse Bertrand Delgado, estrategista de mercados emergentes do Société Générale. "Essa é a maneira de levar confiança de volta aos mercados", disse ele.
O governo de Macri deve levar a proposta do orçamento de 2019 ao Congresso no próximo mês. Medidas de austeridade têm sido impopulares com muitos argentinos, que culpam os cortes orçamentários impostos pelo FMI por exacerbar os efeitos da crise econômica de 2001/02 que levou milhões à pobreza.
Dezenas de milhares de pessoas marcharam pelo centro de Buenos Aires na quinta-feira exigindo orçamento mais alto para universidades públicas e salários maiores para professores e funcionários de universidades. Os manifestantes dizem que os salários foram corroídos pela inflação que atingiu uma taxa anual de 31,2 por cento em julho.
(Reportagem de Luc Cohen em Buenos Aires e Rodrigo Campos em Nova York)