A atualização Taproot é uma das mais esperadas da rede do Bitcoin. Contudo, alguns desenvolvedores começaram a fazer alertas recentes sobre ela.
O foco dos avisos não foi a atualização em sim, mas a forma como ela estaria sendo conduzida. Um desses alertas veio do desenvolvedor Luke Dashjr. Para ele, isso pode causar uma divisão na rede do Bitcoin.
A polêmica do Speedy Trial Tudo começou com uma proposta de ativação para o Taproot chamada Speedy Trial (Teste Rápido). Ela foi introduzida em março, porém, recentemente voltou a ser discutida.
A proposta concede aos mineradores de Bitcoin o poder de implementar a atualização em três meses. Se eles não fizerem a aprovação neste período, a decisão caberá aos nós da rede.
Contudo, isso gerou uma discussão que veio desde os tempos da implementação do SegWit. A discussão se dá acerca de quem deve decidir a aprovação das atualizações da rede.
Desta forma, a questão que fica é: os mineradores devem ter prevalência ou os nós dão a palavra final?
Para Dashjr, a decisão deveria ficar nas mãos dos nós. Nesse sentido, ele acusa o Speedy Trial de passar o poder de decisão para os mineradores.
Além disso, o desenvolvedor critica a proposta que será aprovada pelo teste. Dashjr afirma que a BIP 9, atualização que seria ativada no Speedy Trial, já foi rejeitada pelos mineradores em fevereiro.
“A comunidade chegou a um consenso sobre o BIP 9. Esses desenvolvedores estão ignorando isso e empurrando sua própria agenda. É um ataque ao Bitcoin, não é uma coisa boa”, alertou Dashjr.
Diferenças entre modelos de ativação
Em reação ao Speedy Trial, o desenvolvedor lançou sua própria proposta para aprovação do Taproot. Ao contrário do BIP 9, este utilizaria o BIP 8 para ativar o Taproot.
O BIP 9 é o modelo no qual foi aprovada a última grande atualização no Bitcoin: o SegWit, em agosto de 2017.
Nela, os mineradores tiveram um ano para ativar a atualização, exigindo 95% dos blocos dentro de qualquer intervalo de dificuldade para incluir um bit de sinal de prontidão.
Se depois de um ano isso não tivesse acontecido, o período de ativação expiraria e a atualização teria falhado. Portanto, o BIP 9 deu um poder maior aos mineradores.
Já o BIP 8 dá um poder maior aos nós. Com ele, os mineradoras não podem bloquear o soft fork e, portanto, não podem usar essa alavanca em seu benefício. A ativação é feita independente da vontade deles.
O que os mineradores podem fazer é acelerar a ativação e ajudar a coordenar uma atualização de protocolo tranquila. Porém, a atualização eventualmente acontecerá.
Em resumo, a BIP 9 concede um maior poder de barganha aos mineradores. Já a BIP 8 coloca os nós em uma posição de maior controle.
No caso da proposta de Dashjr, ela determina que a ativação do Taproot deverá ser feita até 12 de novembro. Para isso, os nós e mineradores precisam sinalizar sua aprovação a partir da próxima atualização do Bitcoin Core, na versão 0.21.1.
Risco de divisão na rede
Portanto, agora existem duas propostas para ativação do Taproot na mesa. Muitos desenvolvedores alertam que isso pode gerar um conflito e até divisão na rede.
Isso pode ocorrer alguns mineradores atualizando seus nós por meio do Speedy Trial e outros por meio do método de Dashjr. Assim, haveriam dois conjuntos de nós executando duas versões diferentes do Bitcoin.
Para o ex-desenvolvedor da Square (NYSE:SQ) Crypto Matt Corallo, o conflito atual remete aos tempos do SegWit. Em sua visão, mais uma vez um grupo minoritário tenta controlar a rede do Bitcoin.
“Esta é mais uma tentativa de uma minoria (absolutamente pequena) de tentar empurrar uma mudança nas regras de consenso do Bitcoin para todos os outros – sequestrando o Bitcoin”, disse.
Já o desenvolvedor que atende pelo nome Cobra, que era o principal mantenedor do site Bitcoin.org, criticou o conflito. Ele respondeu a postagem em que Dashjr mostrou sua proposta.
“É um pouco perigoso executar regras de consenso diferentes à toa, não é? Quero dizer, esta é uma rede de trilhões de dólares agora”, questionou.
Dashjr respondeu que a estagnação é ainda pior. Ele disse que a comunidade concordou com sua versão e são os desenvolvedores principais que estão atacando o Bitcoin, não ele.
Resta acompanhar o lançamento da próxima versão do Bitcoin Core e saber qual das duas visões prevalecerá.