O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (30) o Relatório de Inflação Trimestral do Brasil. Entre outras coisas, o documento em questão destacou o crescimento das compras de criptoativos, como o Bitcoin, pelos brasileiros.
Na transmissão ao vivo sobre o relatório, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentou sobre o crescimento do mercado de criptoativos citado no documento.
Na live, ele destacou que o BC está, atualmente, discutindo alguns projetos de regulamentação do setor. A ideia, segundo ele, é regular primeiro os criptoativos como instrumento de investimentos e, posteriormente, como moeda de troca.
“Nós entendemos que este mundo de criptomoedas hoje no Brasil cresceu muito como veículo de investimento. A gente tem um crescimento bastante grande, inclusive impactando até os números de importação. Ou seja, os brasileiros estão usando muito este instrumento como veículo de investimento”, afirmou.
Por outro lado, Campo Neto observou que as moedas, em geral, têm função de meio de pagamento. E nesse sentido, o crescimento das criptomoedas foi menor do que seu uso como investimento.
“A consequência disso para o BC é que nós vamos primeiro regular como investimento. E aí depois, em um outro passo, vamos imaginar como fazer isso como meio de pagamento. O que tem hoje na mesa é regular os criptoativos como veículo de investimento.”
Bitcoin impacta número de importação
De acordo com o BC, esse aumento nas negociações de criptomoedas contribuiu para a elevação da projeção das importações:
“As compras crescentes de criptoativos, outro item fora do cômputo da Secex/ME, também contribuíram para o aumento da projeção das importações”, diz o relatório.
Conforme explicou a autoridade monetária, o Bitcoin e outros ativos digitais não são considerados ativos financeiros. Isso porque não têm contraparte devedora.
Além disso, as criptomoedas não são consideradas moedas. Portanto, como são classificados como ativos não financeiros, são considerados no âmbito da balança comercial.
Relatório de Inflação
Especificamente sobre os dados do relatório, o BC divulgou sua nova projeção para o saldo das contas externas neste ano. Este saldo passou de um superávit de US$ 3 bilhões para um déficit de US$ 21 bilhões (1,3% do PIB).
Além disso, o BC elevou a estimativa de crescimento da economia de 4,6% para 4,7% em relação ao relatório anterior, de junho.
Segundo o BC, a projeção das contas externas reflete a expectativa de menor saldo da balança comercial, com aumento das importações de US$ 210 bilhões para US$ 239 bilhões em 2021. E foi neste aumento que os criptoativos impactaram.