Gina Baldivieso.
La Paz, 19 abr (EFE).- A Coca-Colla, a nova bebida produzida na
Bolívia com folha de coca, quer ganhar o mercado dos energéticos no
país, mas também ajudar a apagar o estigma que vincula a matéria
prima à droga produzida com ela.
"Extrato de coca, água carbonatada, açúcar, cafeína,
aromatizantes naturais, corantes autorizados e conservantes" são os
ingredientes da bebida. Seu rótulo vermelho e branco faz alusão à já
conhecida Coca-Cola americana.
A bebida tem uma cor similar à dos refrigerantes de guaraná e seu
sabor parece uma mistura da fruta com maçã e coca.
A Coca-Colla é produzida pela Organização Social para a
Industrialização da Coca (Ospicoca), uma entidade formada por 9 mil
pessoas e cujo presidente, Víctor Ledezma, esclareceu que não
pretende competir com o refrigerante americano.
"Não quero brigar com ninguém. Minha bebida é energética, eles
(da Coca-Cola) vendem refrigerantes, então não têm por que querem
brigar comigo", disse Ledezma à Agência Efe.
Esta semana, o empresário colocou à venda 30 mil garrafas de um
litro e meio de Coca-Colla, a um valor de 10 bolivianos (US$ 1,40),
nas regiões de La Paz (oeste), Cochabamba (centro) e Santa Cruz
(leste).
Os compradores mais interessados, segundo Ledezma, são motoristas
de estradas, que comprovaram o efeito do energético, que os permite
dirigir por várias horas sem descansar.
O nome da bebida tem origem na fusão do nome da folha de coca,
considerada sagrada pelos indígenas aimaras e quíchuas da Bolívia,
com a palavra "colla", como popularmente são chamados os moradores
do oeste da Bolívia.
A iniciativa privada de produzir o energético começou em 2006, em
coincidência com a chegada de Evo Morales à Presidência, que
atualmente continua sendo líder dos produtores da planta no Chapare,
centro da Bolívia.
O líder boliviano é um forte defensor do consumo tradicional da
folha de coca, que na Bolívia tem diversos usos medicinais,
industriais e culturais, mas também é desviada pelo narcotráfico
para a produção de cocaína.
Em 1961, as Nações Unidas classificaram a folha de coca como um
"entorpecente" e pediu o fim do costume de mascar coca em 25 anos,
muito popular entre aimaras e quíchuas, que, de fato, a utilizam
como energético.
Desde que chegou ao poder, Morales promove uma política em defesa
do cultivo da folha de coca, mas é enfático na luta contra o
narcotráfico e as plantações ilegais.
No entanto, sua política foi questionada pelos Estados Unidos,
que consideram que a Bolívia não está fazendo o suficiente na luta
antidrogas, especialmente por estimular o cultivo da folha no país.
Para Ledezma, a folha de coca foi "muito 'satanizada'", mas ele
acredita que a produção em massa da Coca-Colla pode tirar esta fama
ruim. EFE