O governo de El Salvador já teria US$ 500 milhões em promessas de compras para seus Bitcoin Bonds. É o que afirma Samson Mow, executivo da Blockstream, empresa que auxilia o país na emissão dos títulos.
De acordo com Mow, El Salvador já recebeu US $ 500 milhões em “compromissos verbais” de compra. Ou seja, não se trata de reservas reais ainda. Mas o valor já representa 50% do total de US$ 1 bilhão que o país planeja arrecadar com os títulos.
Caso as propostas de compra sejam de fato efetivadas, EL Salvador já terá dinheiro suficiente para construir a Bitcoin City, cidade anunciada pelo presidente Nayib Bukele em 2021. O local terá uma economia focada em Bitcoin (BTC), livre de impostos e abastecida pela energia geotérmica de vulcões.
Captação recorde?
Os Bitcoin Bonds foram anunciado em novembro como os primeiros títulos soberanos emitidos em blockchain. Conforme noticiou o CriptoFácil, o governo de El Salvador disse que os títulos serão emitidos na segunda metade de março.
De acordo com o governo salvadorenho, a meta dos Bonds é captar US$ 1 bilhão. Metade dos fundos serão usados para comprar mais BTC, ao passo que a outra metade financiará a infraestrutura de mineração de energia do país.
É nesse sentido que será construída a Bitcoin City, à beira de um vulcão. Os vapores emanados pelo vulcão geram energia geotérmica, abastecendo a cidade. Por isso que os títulos também são chamados de Volcano Bonds, títulos de vulcão.
Para Mow, El Salvador não terá problemas para levantar o US$ 1 bilhão na venda dos títulos. De fato, Bukele também afirmou esperar um excesso de demanda. Por isso o país está considerando elevar o alvo de captação para US$ 5 bilhões no futuro.
Aceitação dividida
Tanto Mow quanto Bukele apostam nos milhões de bitcoinheiros espalhados pelo mundo, bem como na inovação dos Bitcoin Bonds. O executivo da Blockstream destacou que a novidade dos títulos funcionou como uma campanha de marketing.
De certa forma, Mow comparou os Bitcoin Bonds com memes, no sentido de que ambos se espalham rápido. Ele disse que os entusiastas do BTC estão ansiosos pelos títulos e que por isso o otimismo é grande entre os políticos salvadorenhos.
Entretanto, nem todos compartilham desse otimismo. Diversas agências de risco, como a Fitch e a Moody’s, já rebaixaram as notas de risco do país, colocando-o em grau de pré-calote. A justificativa em todos os casos foram os Bonds.
A Fitch, por exemplo, classificou a emissão dos Bitcoin Bonds como “incerta” e levantou dúvidas sobre a perspectiva do país em captar fundos para a oferta. Como resultado, a agência classificou os títulos de El Salvador como “junk bonds” (títulos lixo) no início deste mês.
Mas ninguém tem criticado o país de forma mais contundente do que o Fundo Monetário Internacional (FMI). O órgão sugeriu em janeiro que El Salvador revogasse a Ley Bitcoin, que deu a criptomoeda status de curso legal.
Em resposta, Bukele deu aos executivos do FIM uma resposta dura: “não somos sua colônia”. A declaração também mirou os Estados Unidos.