Pela primeira vez desde seu lançamento em 2009, o preço do Bitcoin (BTC) fechou um período de oito semanas consecutivas de desvalorizações. De acordo com o Coinglass, a marca foi atingida após o preço da criptomoeda cair 2,51% entre os dias 15 e 22 de maio.
Do início desta sequência até o último dia 22, a criptomoeda perdeu 44,29% de seu valor. Nesse sentido, o preço caiu de US$ 48 mil para cerca de US$ 30.200. A maior desvalorização individual neste período foi de 11,51%.
Com isso, o BTC reforçou seu novo recorde negativo, superando as seis semanas registradas entre 25 de agosto e 6 de outubro de 2014. Na ocasião, o preço do BTC valia US$ 507, mas a correção fez o preço chegar aos US$ 323, uma queda de 44,38%.
Começo na LUNA
A sequência negativa deste ano começou em 28 de março, quando o BTC valia US$ 46.900. No mesmo dia, a rede Terra anunciou que pretendia comprar US$ 10 bilhões em BTC para reforçar as reservas da stablecoin UST.
Mas uma série de acontecimentos levou o mercado a virar completamente. Em primeiro lugar, o Federal Reserve (Fed) começou a subir a taxa de juros nos Estados Unidos, apertando a política monetária. Como resultado, investidores começaram a se desfazer de ativos de risco, incluindo o BTC.
A venda maciça de BTC causou as primeiras desvalorizações. Simultaneamente, os investidores de LUNA e UST começaram a testar a stablecoin, realizando vendas progressivas. Eventualmente, a stablecoin perdeu sua paridade com o dólar e entrou em colapso, o que consolidou as perdas do BTC.
Somente em maio, o BTC já perdeu 21,5% de seu valor, o que faz deste mês o pior de 2022 em termos de desempenho. No entanto, trata-se de um bom resultado comparado com outras criptomoedas. Além do colapso da LUNA, Ethereum e Cardano tiveram perdas de 33% e 41% no mês, respectivamente.
Além disso, o mercado tradicional também foi afetado. Empresas focadas em criptomoedas como Block e Coinbase (NASDAQ:COIN) (SA:C2OI34), que prosperam nas vendas de ativos digitais, tiveram grandes quedas na receita do quarto trimestre de 2021 ao primeiro trimestre de 2022. Consequentemente, suas ações registraram enormes perdas: em um mês, os papéis da Coinbase caíram mais de 50%.
Bear market
De acordo com alguns dados on-chain, desde fevereiro BTC está em um mercado de baixa. Contudo, muitos traders afirmam que o bear market começou de fato em maio – e que ainda vai piorar.
Para Barry Jiang, do Huobi Research Institute, o BTC ainda pode cair mais 28% e chegar até US$ 21 mil antes de sinais de recuperação. Este valor é ligeiramente maior do que a máxima histórica do último ciclo de halving em 2017, que foi de quase US$ 20 mil.
Na semana passada, o Crypto Fear & Greed Index – uma combinação de variáveis que medem o sentimento do mercado – chegou ao nível de 8. Este foi o nível mais baixo desde o Coronacrash em março de 2020 e a primeira vez que o índice caiu abaixo de dez desde agosto de 2019.
Outros investidores, incluindo o CEO da Microstrategy, Michael Saylor, cuja empresa detém mais de 120 mil BTC, parecem menos preocupados. O novo CFO da empresa, Andrew Kang, esclareceu na semana passada que a empresa não tem planos de vender suas reservas.
“Não há nada nos fundamentos do Bitcoin que acreditamos apresentar algum problema contra nossa estratégia”, disse ele.
Nesta quinta, o BTC recuava 1,53% às 09h06, cotado a U$28966.