Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A eventual manutenção da paridade e da integralidade do aposentadoria dos militares no texto a ser encaminhado ao Congresso não tem a “menor possibilidade”, afirmou nesta terça-feira o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Para os deputados, os militares não podem ser tratados de forma “negativa”. Maia também elogiou a atuação das Forças Armadas e lembrou que há uma defasagem salarial para os militares.
“Paridade não tem mais quem defenda. Integralidade, aqueles que entraram com integralidade ainda tentam defendê-la”, disse o presidente da Câmara. “Os militares estão vindo para o mesmo debate, é obvio que para os novos de jeito nenhum (paridade e integralidade).”
“Isso não tem a menor possibilidade”, garantiu, ao ser questionado sobre a manutenção da paridade e da integralidade para os militares.
Maia argumentou que o próprio governo tem defendido que sejam aplicadas as regras do regime geral para os que ingressarem a partir da nova lei no serviço público ou militar
“O problema é que nós estamos no fim da festa, o Brasil quebrou. Eles estão querendo entrar nessa festa no finalzinho, quando já está amanhecendo, a música já está acabando, não tem ninguém mais para dançar”, afirmou o deputado.
“Então precisa organizar de que forma que compensa eles de alguma forma, sem sinalizar para o Brasil que nós estamos empurrando essa festa por mais alguns anos com um Estado já quebrado, sem capacidade de realizar investimento”, disse.
O presidente da Câmara alertou ainda que para conseguir os 308 votos necessários para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, o governo precisará de apoios em todos os campos políticos, lembrando que o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, tem cerca de 50 votos. A desarticulação da base tem sido um dos alvos das críticas de parlamentares, mesmo os simpáticos ao governo.
Um outro ponto que desagradou parlamentares diz respeito a decreto publicado na véspera que endurece as regras para a ocupação de cargos de confiança no Executivo federal. O texto proíbe a nomeação de pessoas que não se enquadram na Lei de Ficha Limpa e institui critérios técnicos a serem seguidos, como tempo de experiência e formação acadêmica.
Segundo Maia, a demanda entre deputados é que o governo retifique o decreto para que tenha validade a partir de 1º de janeiro.
“Se não fica parecendo que está escolhendo quem pode e quem não pode estar no filtro do decreto que foi publicado ontem”, disse o presidente.