Na quarta-feira (24), o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o dólar digital era uma “prioridade”. Poucas horas depois, o Fed divulgou um documento com diretrizes sobre o projeto.
Intitulado Pré-condições para uma moeda digital de banco central de uso geral, o documento traz alguns requisitos que o projeto do dólar digital precisa atender. Os prós e contras do projeto também são avaliados.
Os autores do documento foram Jess Cheng, Angela N. Lawson e Paul Wong. Eles são, respectivamente, Conselheiro Sênior, Especialista em Pagamentos e o Gerente do Laboratório de Tecnologia do Fed.
Ouvindo especialistas e a população
O documento foi colocado no site do Fed. O objetivo é que tanto especialistas quanto a população possam verificar a proposta da moeda digital (CBDC, na sigla em inglês).
As principais questões trazidas no documento são de privacidade, facilidade de uso, acesso de segurança e mecanismos de entrega. O objetivo é lançar um dólar digital criado com a participação das pessoas.
“Envolver-se com indivíduos e empresas e consultar grupos de consumidores, organizações comunitárias e associações empresariais para entender o caso de uso de uma CBDC ajudará na decisão de emitir uma CBDC e seu projeto potencial”, escreveram os autores.
Think tanks e a academia também podem desempenhar um papel de apoio. No final, o Fed deve obter um feedback geral a respeito do projeto.
“Serão ouvidos usuários finais de várias idades, localizações geográficas, hábitos de pagamento e conhecimentos financeiros no projeto. Os testes de uma CBDC podem ajudar a aprimorar as características básicas de um arranjo viável”, afirmou a nota.
Sobre a tecnologia
A tecnologia usada também teria que apoiar a CBDC em diferentes condições. Ao mesmo tempo, ela deve proporcionar liquidação instantânea 24 horas por dia, 7 dias por semana, transferência segura de ativos e resiliência.
Seus autores admitiram que uma CBDC poderia conceder ao banco central acesso “sem precedentes” às atividades financeiras de seus usuários. O que, segundo eles, seria a grande vantagem sobre o dinheiro físico.
“Esta estreita ligação entre dinheiro e dados contrasta com as cédulas físicas, que não trazem consigo dados de transações que podem ser conectados a uma pessoa específica e seu histórico de transações financeiras”, disse a nota.
Contudo, os pesquisadores não deixaram claro os riscos para a privacidade que tal acesso poderia implicar. Tampouco o tipo de controle que o Fed poderia ter – e os riscos de seu uso.
Para entrar em funcionamento, o Congresso teria que autorizar o Federal Reserve a emitir a CBDC, algo que foi destacado pelo próprio Powell em sua fala.
Curiosamente, a divulgação do artigo veio logo após uma interrupção do serviço de transferências do Fed, o Fedwire. A falha durou três horas, impedindo os bancos – e algumas exchanges, de transferir fundos.