Nesta quinta-feira, 28 de novembro, a Atlas Quantum anunciou uma demissão em massa de seus funcionários. Apenas 55 deles foram mantidos e a operação agora se limita a apenas um andar do prédio onde funciona sua sede. Também no dia 28 de novembro, ex-funcionários da Atlas participaram de uma transmissão ao vivo no Instagram que elucidou alguns pontos levantados por investidores sobre a empresa.
Sobre as demissões
Um dos funcionários afirmou durante a transmissão que funcionários demitidos entre agosto e setembro ainda não receberam seus valores, e que um movimento de processo em massa está se formando entre toda a mão de obra demitida até então. Em contato com um dos ex-funcionários presentes na transmissão, o CriptoFácil apurou que entre 140 a 150 funcionários foram demitidos ontem.
Foi dito ainda que, para os investidores buscando processar a Atlas Quantum, “é melhor ir atrás das outras empresas” – referindo-se a outras empresas do grupo. Dentre os ex-funcionários, há uma descrença quanto à capacidade da Atlas Quantum de se reerguer, e um clima de desesperança quanto ao recebimento das quantias em atraso.
Um dos investidores acompanhando a transmissão pergunta se existiam pessoas com mais de 50 Bitcoins na plataforma. Um dos ex-funcionários da empresa confirma que sim, e que eles recebiam tratamento especial, sendo chamados de “baleias”. Outro investidor questionou a falta de defesa da Atlas nos processos em que figura no polo passivo, recebendo a resposta e que “provavelmente não há dinheiro” para arcar com as custas de defesa.
Robô de arbitragem
Questões envolvendo as quantias armazenadas pela Atlas Quantum e o robô de arbitragem também foram respondidas. Um dos ex-funcionários presentes afirmou ter visto o robô em operação há dois anos, e que até hoje ele só havia dado prejuízo uma única vez – embora tal déficit tenha sido tão pequeno que a valorização do Bitcoin compensou a perda.
Afirmou-se ainda que o robô possui um algoritmo independente, que trabalha por meio de triangulação, no qual é possível inserir algumas nuances para modificar um pouco a forma de operação. Para fugir de possíveis reprimendas regulatórias, o servidor do robô migrou entre os estados de Nova Jersey e Delaware, nos Estados Unidos, indo posteriormente para as Ilhas Virgens.
No que diz respeito aos rendimentos, é dito que os mesmos eram manipulados. É dado o exemplo dos investidores que entraram por meio da edição da Bitconf realizada em maio de 2019, que recebiam 70% do lucro feito pelo robô. Por padrão, a divisão feita era 50% para os investidores e 50% para a empresa.
Além disso, os clientes da carteira “private” possuíam analistas à disposição com maior entendimento do mercado, dando conselhos mais concisos sobre como proceder em seus investimentos.
Saldos em exchanges
Quando questionados sobre os saldos da Atlas Quantum, os funcionários esclareceram que 25% do saldo total da empresa era mantido em carteiras offline. Porém, após as notícias de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proibiu a Atlas de atuar no Brasil e os subsequentes saques, esse saldo foi esgotado.
Quanto aos saldos em exchanges, não se sabe se as plataformas nas quais a empresa supostamente possui saldo realmente bloquearam os saques ou se as mesmas também não possuem os saldos para saque. O ex-funcionário contatado pelo CriptoFácil afirmou que não sabe se, de fato, a Atlas possui esses valores custodiados em exchanges internacionais.
Uma pergunta feita por um dos investidores assistindo a transmissão merece ser salientada, que é sobre a existência de outras fontes de renda da Atlas além da arbitragem. Foi dito que sim, a empresa possui investimentos em outras empresas, além de ter injetado recursos em startups. Além disso, também eram realizadas operações de trade por uma equipe dentro da empresa.
Situação dos funcionários
Em contato com um dos funcionários demitidos, o CriptoFácil tomou conhecimento que muitos que deixaram a empresa entre agosto e setembro ainda não receberam o acerto de seus direitos trabalhistas. Esta situação agrava o temor dos funcionários recentemente desligados, que não possuem esperanças de receber o salário referente a novembro e demais créditos trabalhistas.
Um áudio que começou a circular após a demissão ajuda a exemplificar a confusão dos funcionários desligados, que acabam se exaltando quando o CEO da Atlas Quantum Rodrigo Marques não responde quando os valores serão pagos.
De acordo com o ex-funcionário contatado pelo CriptoFácil:
“Ele [Marques] não mostrou nenhum sentimento, nenhum arrependimento. […] Ele virou as costas e disse ‘falem com meu advogado’, e entrou pra sala dele. Sentou com a secretária, tomando a água dele, como se nada tivesse acontecido.”Procurada, a assessoria de imprensa da Atlas Quantum não quis se posicionar sobre o áudio e demais informações contidas neste artigo.