A incerteza fiscal aumentou a tensão entre investidores no Brasil. E isso fez a moeda brasileira ter mais um mês de queda.
De acordo com o InfoMoney, o real fechou setembro com uma desvalorização de 2,42% ante o dólar.
A moeda estadunidense fechou a quarta-feira (30) a R$ 5,6150 na compra e R$ 5,6160 na venda.
Com isso, o real se consolidou como a moeda com pior desempenho do mundo em 2020 até o momento.
No ano, o dólar acumula alta de 39,60% ante a divisa brasileira, segundo dados da Refinitiv.
Investimentos sofrem em setembro Setembro também não foi um mês positivo para os investimentos. A exceção do dólar, praticamente tudo operou no vermelho.
Até mesmo o ouro, considerado porto seguro em momentos de estresse, teve desempenho negativo. O metal teve queda de 1,61% no mês. Já o Ibovespa teve queda de 4,8%.
Até mesmo o IMA-S, que mede o comportamento dos títulos que seguem a variação da Selic, fechou o mês com perda de 0,27%. A Selic teoricamente deveria ser um investimento livre de risco e perdas.
O Bitcoin também fechou setembro em queda: 4,78%. No entanto, e ao contrário do Bitcoin, o criptoativo vem sendo o melhor investimento do ano. A alta foi de 106,97% até o momento.
Para fins de comparação, o segundo investimento mais rentável de 2020 até o momento é o ouro, com 66% de alta. O Bitcoin se valorizou quase 47% a mais do que o metal.
Decisões políticas impactaram mercado
Os recentes anúncios do governo federal contribuíram para aumentar a volatilidade no mercado.
Especialmente no que se refere ao programa Renda Cidadã, que pretende substituir – e ampliar – o Bolsa Família.
O fato de que o governo quer utilizar dinheiro de precatórios – dívidas da União – para financiar o programa não foi bem recebido pelo mercado.
De fato, muitos especialistas classificaram a manobra como uma “pedalada fiscal”. Isso gerou muitas críticas à proposta e agora o mercado fica de olho para ver o que o governo fará sobre isso.
Para Sergio Zanini, sócio gestor da Galapagos Capital, o pacote foi muito mal recebido. Em entrevista à Bloomberg, o gestor disse que apenas uma mudança acalmaria os ânimos.
“O mercado está na torcida para que o que foi anunciado na segunda [o Renda Cidadã] seja revertido em algum momento”, disse.
Opinião semelhante tem Breno Martins, trader de renda fixa da MAG Investimentos. Para ele, o discurso do governo contradiz a prática. E o mercado não confia mais nas palavras.
“O mercado não compra mais esse discurso do Executivo, em que por um lado sempre defende o teto de gastos e a responsabilidade fiscal, mas por outro sempre anuncia planos que vão na contramão”, disse ele, também para a Bloomberg.