Em 2021, o volume investido em criptomoedas no exterior pelos brasileiros disparou 145%. Embora o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha afirmado que o aumento desse fluxo em mercados emergentes pode gerar riscos, o Banco Central do Brasil (BC) não está preocupado.
Foi o que afirmaram duas fontes com conhecimento do assunto à Reuters. De acordo com uma matéria divulgada nesta segunda-feira (18) pela agência de notícias, o BC até tem acompanhado esse crescimento no volume investido em criptoativos. Contudo, não acendeu qualquer alerta interno.
Brasileiros investiram US$ 4,3 bilhões em criptomoedas
Ainda segundo a Reuters, de janeiro a agosto, o volume investido por brasileiros em moedas digitais alcançou US$ 4,3 bilhões. No mesmo período de 2020 e de 2019, o valor foi de US$ 1,7 bilhão de dólares.
Além disso, o volume aportado em 2021 representa 36,8% de todo o valor investido por brasileiros em criptoativos: US$ 11,7 bilhões desde 2016.
Recentemente, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, reconheceu que o aumento foi expressivo.
“Acho que essa dinâmica de diversificação no exterior é uma dinâmica que talvez venha para ficar. Os canais para diversificação se abriram bastante. A regulação cambial caminha para flexibilizar nesse sentido. É algo que a gente tem que lidar”, disse Serra em evento promovido pela gestora Upon Global na sexta-feira (15).
Embora Serra tenha confirmado o aumento, uma das fontes do governo disse à Reuters que a autoridade monetária brasileira acompanha os números mais por curiosidade do que por qualquer tipo de risco neste momento:
“[O volume investido] é muito pouco para gerar qualquer problema”, disse a fonte que pediu anonimato.
FMI alerta sobre criptomoedas
Na semana passada, o FMI emitiu um alerta sobre o assunto em seu Relatório de Estabilidade Financeira Global.
No documento, a organização ressaltou que o aumento da comercialização de criptoativos em mercados emergentes poderia levar à desestabilização dos fluxos de capital.
“Mercados emergentes e economias em desenvolvimento que enfrentam esses riscos devem priorizar o fortalecimento de políticas macro e considerar os benefícios da emissão de moedas digitais por bancos centrais”, disse o FMI.
Sobre esse alerta, a segunda fonte do governo disse que no Brasil não há um grande volume investido em criptoativos.
O que, na verdade, é “alguma alocação” feita por investidores que apostam na valorização das criptomoedas.
Ademais, esta fonte ressaltou que, apesar de o BC estar engajado em lançar uma moeda digital nacional, essa iniciativa não tem relação com o avanço dos ativos digitais.
“No Brasil temos boa parte dos pagamentos já na forma digital. O que as pessoas buscam nos criptoativos é uma possibilidade de investimento de alto risco. Mas também com alta probabilidade de retorno”, afirmou a fonte.