Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O investimento em criptoativos pelos brasileiros tem chamado a atenção do Banco Central, que deve discutir o tema nos próximos meses, indicou o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, nesta quinta-feira.
Ao participar de evento promovido pelo BTG Pactual (SA:BPAC11), ele destacou que esse fluxo acumulado em criptoativos atingiu cerca de 12 bilhões de dólares, tendo crescido no período recente para patamares em torno de 600 a quase 800 milhões de dólares ao mês.
"É fluxo muito relevante", disse Serra. "É algo que a gente está olhando aqui, acho que vai ser discussão importante nos próximos meses."
A título de comparação, o investimento por brasileiros em ações norte-americanas é de cerca de 16 bilhões de dólares, sendo esta uma "classe de ativos superconsolidada", afirmou Serra.
Ele lembrou que, no caso das ações, o valor considera a marcação a mercado dos ativos. Se isso for feito para os criptoativos o número de 12 bilhões de dólares "salta algumas vezes".
Serra também ressaltou que o investimento em criptoativos tem crescido substancialmente a despeito do encarecimento do dólar.
"Imaginei que depois da depreciação de 35% em 2020, de 2020 para cá, esse fluxo iria diminuir, e na verdade ele não diminuiu, ele aumentou em 2020 um pouquinho e tem se acelerado em 2021 até o mês de julho, reduzindo um pouco o fluxo em agosto e setembro, mas aumentou e tem se acelerado", pontuou.
Estrangeiros no país
Em relação ao investimento em portfólio por estrangeiros no país, Serra disse que o fluxo está positivo no ano até agosto, revertendo tendência vista desde 2016, quando passaram a ser observadas saídas anuais líquidas.
De acordo com o diretor do BC, fatores como o ajuste dos juros básicos e o ciclo de commodities, que favorece empresas brasileiras listadas em bolsa, podem ter contribuído para esse movimento.
"O fato é que pela primeira vez em muitos anos a gente voltou a ter gringo aqui", disse.
(Por Marcela Ayres)