Dois grupos se juntaram para criar uma cooperativa de mineradores de criptomoedas. A nova associação chama-se Mineradores de Moedas Digitais da América do Norte (DCMNA, na sigla em inglês).
A DCMNA é uma espécie de cooperativa. Ela foi fruto da união entre duas empresas, a Marathon Patent Group e a DMG Blockchain Solutions. Ambas possuem suas operações nos Estados Unidos.
Um comunicado de lançamento da associação foi divulgado pela Marathon na terça-feira (5).
“Estamos tremendamente orgulhosos de liderar o lançamento da DCMNA, uma organização sem fins lucrativos. Seu primeiro mandato é trazer aos seus membros uma grande melhoria nas operações de pool de mineração, licenciando o pool Blockseer para servir nossos membros da mineração nos EUA”, disse o anúncio.
Pool regulada nos EUA
Por trás do lançamento, a ideia é criar a primeira pool de mineração de Bitcoin totalmente regulada. A ideia partiu da DMG, que lançou o conceito de “Conheça seu Hash” (KYH, na sigla em inglês).
O KYH é bastante similar aos processos de identificação de cliente nas exchanges (KYC). Assim como o KYC realiza a identificação dos usuários, o KYH tem o objetivo de “fiscalizar” as transações da rede.
Para isso, a DCMNA seguirá as regras do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC). A cooperativa contará com softwares de análise de blockchain que decidirá se uma transação é legal ou não.
Segundo as empresas, a cooperativa pretende encomendar suas primeiras máquinas da chinesa Bitmain. Após isso, ela estima que terá cerca de 7,6% do poder de processamento (hashrate) do Bitcoin.
Risco de censura nas transações
No entanto, um trecho chamou a atenção no comunicado. Nele, a Marathon destacou que a DCMNA poderia criar blocos que “omitem” transações que possam ser consideradas suspeitas (grifo nosso).
“Usando as tecnologias de patente proprietárias da DMG, o pool também criará blocos de transações que omitem especificamente quaisquer transações consideradas arriscadas pela Walletscore e que podem não atender aos padrões da OFAC. Como resultado, os mineiros norte-americanos que são membros do DCMNA reduzirão o risco dos blocos que mineram contendo transações ligadas a atividades criminosas ou terroristas.”
Outra preocupação é com a proximidade da associação com o governo norte-americano. A Marathon, por exemplo, já conta com US$ 200 bilhões para fazer lobby no Congresso pela sua aprovação.
Muitos alertaram que isso pode ser uma tentativa de censura ao Bitcoin. Além disso, a criptomoeda já contaria com mecanismos para evitar transações suspeitas.
“O Bitcoin foi projetado para fornecer ferramentas para os usuários resistirem a esse tipo de ataque. As vítimas da censura são capazes de colocar taxas mais altas de mineração em suas transações”, comentou o bitociner Belcher.
O desenvolvedor Ricardo Spagni, do projeto Tari, mostrou-se menos otimista. Para ele, a tendência veio para ficar. A filtragem de transações se espalhe pela rede Bitcoin “é questão de tempo.
“É apenas uma questão de tempo até que a maioria dos pools de mineração de Bitcoin sejam forçados a fazer essa filtragem de transações”, disse.