De todas as transações com criptomoedas realizadas em 2021, apenas 0,05% ocorreram para fins ilícitos. A conclusão veio de um relatório divulgado empresa de análise de dados Chainalysis na quarta-feira (26).
Segundo o relatório, as transações ilícitas com criptomoedas movimentaram US$ 8,6 bilhões em 2021, ou seja, 30% a mais que em 2020. No entanto, o valor ainda representa uma porcentagem ínfima quando comparado a todo o universo de operações.
Além disso, as transações ilícitas com criptomoedas também respondem para uma parte baixíssima do total geral. De acordo com a Chainalysis, desde 2017 foram cerca de US$ 33 bilhões movimentados por criminosos utilizando criptomoedas.
No mesmo período, o Escritório de Drogas e Crime da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões foram movimentados por criminosos com moedas fiduciárias.
Este valor representa até 5% do PIB global, mas as criptomoedas correspondem a apenas 0,01% desse total. O ano de 2019 ainda detém o recorde absoluto, com US$ 10,9 bilhões movimentados em atividades criminosas via criptomoedas.
DeFi e exchanges dominam escolha de criminosos
A maior diferença entre a lavagem de dinheiro com criptomoedas e moedas fiduciárias diz respeito à transparência das operações. Enquanto as operações fiduciárias são mais difíceis de serem rastreadas, as blockchains possuem transparência inerente, permitindo a rápida identificação das operações.
Nesse sentido, a Chainalysis apurou quais os serviços de criptomoedas em que os criminosos mais confiam para realizar crimes. A maioria deles ainda utiliza exchanges centralizadas, mas houve um relevante crescimento no uso de finanças descentralizadas (DeFi).
De fato, esta foi a primeira vez desde 2018 que as exchanges não receberam mais de 50% dos fundos enviados por endereços ilícitos. Em vez disso, apenas 47% dos fundos foram movimentados por esses meios em 2021.
Em contrapartida, os protocolos DeFi viram sua participação em atividades ilícitas crescer para 17% em 2021. O percentual foi quase oito vezes maior do que os 2% registrados em 2020.
Entre a categoria de fundos roubados, cerca de 50% foram destinados a protocolos DeFi e, em seguida, lavados pelos criminosos. E esse valor ainda pode ser maior.
“Também precisamos reiterar que não podemos rastrear toda a atividade de lavagem de dinheiro, medindo o valor enviado de endereços criminosos conhecidos. Como afirmado acima, alguns criminosos usam criptomoedas para lavar fundos de crimes que acontecem offline, e há muitos endereços criminais em uso que ainda precisam ser identificados”, disse a Chainalysis.