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Pix é embrião do real digital, diz especialista em CBDC

Publicado 29.07.2021, 18:05
Pix é embrião do real digital, diz especialista em CBDC
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Ocorreu nesta quinta-feira (29) o webinar “Potenciais do Real no formato digital“. Organizado pelo Banco Central (Bacen), o evento contou com a participação de quatro palestrantes:

  • Robert Townsend, Professor de Economia no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês);
  • Eduardo Diniz, Professor da Escola de negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e chefe do departamento de tecnologia da instituição;
  • Keiji Sakai, Country Manager da R3, empresa responsável pela plataforma Corda Blockchain;
  • João Manoel Pinho de Mello, Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central do Brasil.

Durante o evento, que durou 1h47, os participantes falaram sobre diversos temas relativos a criação e adoção de uma moeda digital do Banco Central (CBDC). Além desses temas, o sistema de pagamentos Pix, a segurança das CBDC e suas vantagens foram outros destaques.

Pix é bom, mas pode melhorar Inicialmente, o professor Townsend, responsável pela abertura do evento, elogiou o Pix. Em sua visão, o sistema de pagamentos é maravilhoso, mas não é um sistema distribuído. Isso coloca o Pix sujeito a sobrecargas e até falhas.

Para Townsend, o Pix poderia funcionar como uma plataforma aberta, inclusive permitindo ao setor privado criar qualquer contrato. Essa estrutura pode ser fornecida pelo Bacen, mas não teria seu controle direto.

Assim, a iniciativa privada também poderia criar suas aplicações dentro da plataforma. Por outro lado, o Pix deve contar com contratos inteligentes, para evitar que bancos possam fugir do sistema e não adotar a CBDC.

Vale destacar que, na visão de muitos economistas, o Pix já constitui um embrião do real digital. Portanto, melhorias no sistema podem, em última instância, contribuir para o sucesso de uma futura CBDC.

Por fim, Townsend abriu uma discussão que seria abordada pelos demais palestrantes: o dinheiro programável. Essa medida permitiria que governos realizassem políticas monetárias por meio de transferência direta de auxílios para as pessoas. Assim, a intermediação dos bancos seria retirada.

Preocupações com CBDC

Após a fala de Townsend, foi a vez de Mello realizar uma breve introdução. O diretor do Bacen voltou sua atenção para os cuidados com a escolha da tecnologia e o uso de CBDC estrangeiras. De acordo com ele, há que se evitar o conflito entre moedas.

“Há que se tomar extremo cuidado na escolha do desenho e tecnologia, para evitar desrespeito à LGPD, corridas bancárias, ou até deixar a CBDC volúvel a ataques cibernéticos. O uso transfronteiriço deve ter uma atenção especial no desenho de solução, visando evitar que haja a substituição indesejável da moeda de um país soberano pela de outro”, disse Mello.

É importante recordar que o Brasil não é o primeiro país a implementar o uso de CBDC. Nações como China e Rússia também estudam a tecnologia, sobretudo como forma de tornar suas moedas mais utilizadas globalmente e se livrar das amarras do dólar estadunidense.

Novas tecnologias para antigos problemas

Em seguida, foi a vez de Eduardo Diniz ter a palavra. O foco de sua explicação foram os desafios que o Bacen terá para validar a CBDC, algo como o que a Casa da Moeda faz com as notas de real. No dinheiro “analógico”, esta validação é feita através de marcas d’água, selos nas notas e outras inovações.

A digitalização do real, embora facilite as operações, demandará a solução para novos desafios. No caso, os tokens que precisarão ser validados pelo Bacen. Para Diniz, esse sistema será uma versão digital de todos os sistemas de controle e tecnologias anti-falsificação utilizadas nas atuais cédulas de papel.

Em relação ao tipo de sistema, Diniz defendeu uma infraestrutura distribuída, a qual, em sua visão, traz vantagens em relação a robustez do sistema. A ausência de pontos únicos de falha pode auxiliar um sistema de moeda digital e dar como principais ganhos a segurança e robustez do sistema.

Perguntado sobre se as pessoas estariam preparadas para adoção de um real digital, Diniz citou o o sucesso do Pix. A ferramenta, segundo ele, provavelmente era pouco conhecida do público. No entanto, uma vez que começou a ser utilizado, o Pix caiu no gosto dos brasileiros, com 60% dos usuários considerando o sistema melhor do que o TED e DOC.

“A partir do momento que as pessoas utilizam uma tecnologia pela primeira vez, e percebe os benefícios que ela traz, a percepção de dificuldade muda completamente. No início havia, de fato, uma desconfiança com o Pix, porque as pessoas ainda não utilizavam o sistema”, explicou.

Desconfiança e facilidades das CBDC

Já Keiji Sakai inseriu as CBDC num contexto de combate ao que chama de “teorias da conspiração.” Nesse sentido, Sakai referiu-se aos riscos de controles sobre o dinheiro por parte do estado. Esses temas, por sinal, são bastante discutidos na criptoesfera brasileira.

Na visão de Sakai, as CBDC trazem avanço para o mercado financeiro, o qual não acompanhou os demais avanços de tecnologia. “Por mais que falemos ‘hoje temos o Pix’, sempre existe uma lacuna entre a transferência de um ativo e receber o dinheiro. Esta lacuna pode ser resolvida por meio da moeda digital”, explicou

Novamente, o tema de programar o dinheiro foi citado. Para Sakai, o sistema da CBDC pode conter várias facetas, entre elas a do dinheiro programável.

Ou seja, o Bacen poderia criar CBDC que possuem data de validade e desapareceriam da conta se não fossem gastas. Em outro cenário, o dinheiro não teria data de validade, mas só poderia ser gasto após uma data específica.

Para alguns, essas possibilidades trazem um grande dilema ético. Afinal, o que impediria o estado de vigiar as carteiras dos cidadãos? E se um governo criasse um tipo de CBDC que não pudesse ser gasto em determinados locais, retirando, assim, a liberdade de escolha?

Sakai, porém, não abordou esses pontos. Ao invés disso, o executivo citou o que considera positivo nessa tecnologia: eliminar diversos riscos em negociações. Por exemplo, um contrato inteligente cuja liberação de um bem está sujeita a entrega do dinheiro.

A ideia seria conectar a assinatura do contrato com a liberação do dinheiro na carteira da CBDC. Este passo serviria para substituir diversos intermediários, como cartórios. De fato, alguns contratos inteligentes feitos de forma descentralizada já trazem essas possibilidades.

Por CriptoFácil

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