A rede do Bitcoin (BTC) atingiu a importante marca de 90% de todos os BTC minerados. O feito foi atingido nesta segunda-feira (13), conforme dados da plataforma ByteTree.
De acordo com o protocolo original da criptomoeda, serão emitidas no máximo 21 milhões de unidades de BTC. Até a tarde desta segunda, foram minerados 18,9 milhões de unidades. Logo, restam apenas 2,1 milhões de unidades a serem mineradas.
Uma política monetária previsível e imutável é um dos aspectos centrais que tornam o BTC atraente, e a mineração resolve esse papel. Através deste processo, a quantidade de BTC aumenta paulatinamente até que se chegue no limite esperado.
Trajetória secular
A história do BTC começou há quase 13 anos, quando a rede foi lançada em 3 de janeiro de 2009. O primeiro bloco, conhecido como bloco-gênese, foi minerado por Satoshi Nakamoto.
Por muito tempo, o criador do BTC minerou praticamente sozinho as criptomoedas. A princípio, a atividade fornecia uma recompensa de 50 BTC por bloco. Essa recompensa é cortada pela metade a cada 210 mil blocos – o conhecido processo de halving.
Nesse processo, Satoshi acumulou cerca de 1,1 milhão de BTC, ou pouco mais da metade dos 2,1 milhões que ainda restam.
Atualmente, são minerados 6,25 BTC a cada 10 minutos, o que dá uma média de 900 BTC por dia. No próximo halving, previsto para ocorrer em 2024, esse número cairá para 3,125 BTC/bloco e 450 BTC/dia.
Estima-se que o último Satoshi (nome de uma fração de BTC) será minerado em 2140, daqui a 120 anos. Assim, a mineração de BTC eventualmente acabará, com os mineradores sendo remunerados exclusivamente pelas taxas de transação.
Moedas perdidas e deflação real
Embora a oferta de 21 milhões de BTC seja minerada no próximo século, nem todos poderão ser negociados no mercado. Isso porque, de acordo com estimativas não-oficiais, cerca de 3,5 milhões a 5 milhões de BTC estão perdidos para sempre.
Essa quantidade se deve a inúmeros fatores, como perda de chaves privadas ou até mesmo eventos de morte. Quando um BTC é perdido, não há como refazer a chave privada, o que torna essa unidade perdida para sempre.
Nesse sentido, muitos investidores chegaram a minerar BTC nos primórdios da criptomoeda, mas não conseguiram armazená-los direito. Com a valorização exponencial, esses usuários se viram com uma fortuna em mãos sem poder utilizá-la.
Uma dessas pessoas é o programador de origem alemã Stefan Thomas. Em 2011, ele produziu um vídeo educacional exclusivo para um fã. Intitulado “O que é Bitcoin?”, o vídeo recebeu uma doação de 7.002 BTC.
No começo, Thomas não prestou muita atenção a suas novas participações. Contudo, esse valor corresponde a mais de US $ 340 milhões, ou R$ 1,9 bilhão. Como resultado, Thomas agora está desesperado para descobrir sua senha.
Outra questão é que com 90% dos BTC minerados, já existem mais BTC perdidos do que a serem minerados. Para Felipe Escudero, criador do canal BitNada, o BTC tornou-se na prática deflacionário após esse marco.
“Dos 21 milhões de BTC, faltam apenas 2,1 milhões para serem minerados. Mas temos cerca de 5 milhões de BTC perdidos, de acordo com as estimativas. Portanto, na prática o BTC já é deflacionário”, disse Escudero.