O Bitcoin (BTC) continuou a registrar volumes expressivos de compensação de pagamentos. De acordo com o analista Pierre Rochard, da Riot Blockchain, a rede processou US$ 2 trilhões em pagamentos durante o mês de julho.
O valor, que corresponde a cerca de R$ 1 trilhões na cotação atual, não é o maior da história. Este recorde aconteceu em novembro de 2021, quando a rede processou US$ 8 trilhões. Isso significa todos os pagamentos realizados por meio da blockchain, a chamada Camada 1 do BTC.
Mas o que impressiona é que nos últimos 12 meses, o Bitcoin processou nada menos que US$ 62 trilhões (R$ 319 trilhões) em pagamentos nos últimos 12 meses. O valor, que parece inimaginável, é o equivalente a quase três vezes o PIB dos Estados Unidos (US$ 21 trilhões), que são a maior economia do mundo.
Em outras palavras, o Bitcoin segue se consolidando como um meio eficiente para movimentar grandes valores. Mesmo com as limitações da blockchain em termos de capacidade, o volume de 12 meses reforça que a rede pode ser utilizada para grandes pagamentos.
Nesse sentido, o CriptoFácil conversou com Diego Kolling, criador do grupo Noderunners Brasil e entusiasta do Bitcoin e da Lightning Network. E de acordo com Kolling, os dados divulgados por Rochard trazer números surpreendentes.
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Fortalecimento da rede principal
Em primeiro lugar, o volume total de US$ 62 trilhões passou totalmente pela primeira camada do BTC, sem a utilização da Lightning ou de outras camadas. Trata-se de um grande feito, considerando que a blockchain consegue processar apenas sete transações por segundo, em média.
Ao explicar o impacto disso, Kolling faz uma relação entre as camadas do BTC e as operações do sistema bancário tradicional. Neste exemplo, a Camada 1 funciona como as operações entre bancos centrais e bancos comerciais, que coordenam o sistema de pagamentos internacional.
Como estas operações movimentam grandes valores, elas são realizadas na Camada 1, que possui mais segurança e mantém o registro das transações. E o grande aumento no valor total transacionado mostra a força que o BTC está ganhando.
“Isso é o mais surpreendente: foi tudo on-chain. O on-chain é como se fosse transações bancárias entre bancos centrais, que coordenam estas grandes transações internacionais. Nesse sentido, as operações on-chain também se assemelham aos pagamentos interbancários diários feito pelos bancos. E a Camada 1 do BTC está ganhando liquidez nestas operações de mercado”, explica.
A Camada 2, por outro lado, representa as operações entre pessoas, como as contas-correntes de uso diário. É aqui que, no caso do BTC, entra a Lightning, que possui uma escalabilidade maior especialmente para pagamentos de menor valor.
Trilhões sem intermediários
No entanto, todos estes pagamentos demandam a presença de intermediários, quando feitos pelo sistema bancário tradicional. Atualmente, os bancos, provedores de pagamento e bancos centrais realizam este papel, intermediando os trilhões de dólares movimentados diariamente.
Isto, porém, não é necessário para o BTC, que é uma rede peer-to-peer (P2P) sem qualquer necessidade de haver um intermediário. E para Kolling, a maior surpresa é justamente o expressivo volume movimentado sem esta necessidade.
Por isso, a rede do BTC pode exercer um importante papel geopolítico no futuro. Se a capacidade de processamento se mantiver alta, o BTC pode servir como uma ferramenta de transação livre da influência de governos.
“Esse volume não requereu intermediários e ninguém poderia ter impedido as transações. Se a Rússia, por exemplo, estocasse suas reservas em BTC ao invés de ouro, os EUA não conseguiriam bloquear este valor. Afinal, os EUA não teriam poder para bloquear o BTC e suas transações”, explica Kolling.
Portanto, o BTC ganhar cada vez mais liquidez é algo extremamente positivo para seu uso em massa, gerando confiança na segurança da rede.