O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) ampliou o apoio às moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs, sigla em inglês). Em novo relatório divulgado nesta quarta-feira (23), a organização disse que o projeto digital “é uma representação avançada de dinheiro para a economia”.
Além disso, um membro do BIS disse em entrevista coletiva que as CBDCs podem coexistir com as stablecoins. No entanto, as criptomoedas lastreadas em ativos reais precisam de regulamentação.
Principais conclusões
Hyun Song Shin, chefe de pesquisa do BIS, caracteriza as CBDCs como um “conceito cuja hora chegou”. A declaração do executivo fomenta as principais conclusões da nova pesquisa da organização.
Considerado o “banco central dos bancos centrais”, o BIS promove a cooperação monetária e financeira internacional de instituições financeiras governamentais.
Em seu último relatório, a organização ampliou seu apoio ao desenvolvimento das CBDCs. A instituição entende que as moedas digitais emitidas pelos bancos centrais oferecem vantagens únicas, como liquidez e integridade.
Além disso, a entidade monetária declarou que o “dinheiro digital deve ser projetado tendo em mente o interesse público”.
Para o BIS, as moedas digitais podem garantir plataformas de pagamentos abertas e maior competitividade em meio à inovação.
Neste tópico, a organização traça um paralelo com os sistemas de pagamento instantâneo do varejo. No Brasil, por exemplo, o Banco Central (Bacen) desenvolveu o Pix, que possui uma alta adesão entre os brasileiros.
O banco ainda destaca a melhoria em pagamentos internacionais e a limitação de riscos na substituição de moedas nacionais.
“Acordos de multi-CBDC podem superar os obstáculos de compartilhamento de identidades digitais através das fronteiras. Contudo, exigirão cooperação internacional”, frisou o BIS.
CBDCs podem coexistir com stablecoins
Para Benoît Cœuré, chefe do BIS Innovation Hub, a CBDC não é um projeto de transformação para o setor financeiro, mas uma ampliação de mercado.
“Trata-se de garantir que, neste novo mundo digital, o sistema financeiro permaneça competitivo e aberto”, declarou.
Além disso, o relatório diz que as moedas digitais precisam demandar tarefas operacionais e atividades comerciais voltadas para o consumidor a bancos comerciais.
Neste cenário, as stablecoins se tornam a comparação mais provável de disputa. Visto que Cœuré afirmou que criptomoedas, como Bitcoin, falharam no teste para se tornar meios de pagamento.
Questionado se os governos interessados em CBDCs permitirão a competição entre a moeda digital com stableboins, Cœuré disse:
“O que você chama de competição, eu chamaria de escolha para o cliente. Se você sair após essa entrevista coletiva e comprar uma cerveja, estará escolhendo entre dinheiro, cartão ou telefone celular. Esse é exatamente o tipo de escolha que queremos preservar quando falamos sobre CBDC — desde que o stablecoin seja devidamente regulamentado como meio de pagamento, é claro.”