A Rússia propôs o banimento de todas as atividades com criptomoedas no país, incluindo a mineração. No entanto, Vladimir Putin, presidente do país, se mostrou contrário a esta ideia. Para ele, a Rússia tem características distintas que permitem que ela se beneficie da mineração de Bitcoin (BTC).
O discurso do presidente veio uma semana depois que o banco central russo pediu a proibição completa da atividade no país. De acordo com a instituição, as criptomoedas podem representar riscos para os cidadãos.
Mas na terça-feira (24), o Ministério das Finanças russo rejeitou a proibição completa da mineração, alegando que isso retiraria a competitividade da Rússia no setor de tecnologia. Nesse sentido, Putin concordo com o Ministério e pediu um consenso entre as duas instituições.
“O Banco Central não atrapalha nosso progresso tecnológico e faz os esforços necessários para implementar a mais recente tecnologia nesta área”, afirmou Putin em uma reunião na quarta-feira (25).
Riscos e oportunidades
A posição do banco central em relação às criptomoedas baseia-se na preocupação de que a expansão deste tipo de atividade traga certos riscos, e sobretudo para os cidadãos do país, dada a grande volatilidade e alguns outros componentes deste tópico, disse Putin.
De fato, as criptomoedas apresentam grandes riscos, especialmente para os investidores iniciantes. Em contrapartida, elas também oferecem oportunidades de proteção de patrimônio. Com a Rússia em vias de invadir a Ucrânia, o BTC pode servir como proteção em caso de perda de valor do rublo.
Ao mesmo tempo, Putim sabe que em cenários de crise, como o atual caso russo, os seus países rivais podem impor sanções ao país. Caso isso aconteça, o BTC também serviria como um aliado do governo russo para burlar essas políticas.
Na sua fala, Putin citou “vantagens competitivas” que a Rússia possui na indústria de mineração. Uma dessas vantagens é o excedente de energia do país, que torna o custo da mineração mais baixo. O outro é a mão de obra bem treinada e especializada, que poderia ser aproveitada para trazer inovações neste mercado.
Alto potencial de mineração Na qualidade de maior país do mundo, a Rússia possui um cenário amplamente favorável para os mineradores. O país é pouco povoado e tem baixa demanda de eletricidade, o que deixa um excedente razoável de energia barata.
Além das reduções desse custo, a vasta região da Sibéria é marcada por temperaturas extremamente baixas. Esse fator diminui a necessidade de pagar por resfriamento das máquinas e deixa as margens de lucro ainda maiores
Como resultado, hoje a Rússia ocupa o terceiro lugar na lista de países com a maior parcela de hashrate no BTC. O país fica atrás somente de Estados Unidos e Cazaquistão, mas pode receber ainda mais mineradores no futuro. Isso porque o governo cazaque está perto de exigir a retirada de todos os mineradores do país.
Atualmente, o Cazaquistão responde por cerca de 18% do hash rate do BTC e possui uma extensa fronteira com a Rússia. Logo, é natural que os mineradores escolham o país de Vladimir Putin como destino em caso de uma nova migração.