Rio de Janeiro, 13 abr (EFE).- A economia brasileira, após ter conquistado crescimento de 7,5% em 2010, sua maior expansão em três décadas, sofrerá uma desaceleração em 2011, quando crescerá entre 4% e 5%, pelas previsões divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A projeção do Ipea é compatível com a do Ministério da Fazenda (crescimento de 5% neste ano), a do Banco Central (4%), a dos economistas dos bancos (4,2%) e com a divulgada nesta semana pelo Fundo Monetário Internacional (4,5%).
O organismo oficial alertou que a desaceleração será consequência das medidas restritivas adotadas pelo Governo e pelo Banco Central para combater a inflação, limitar o crédito e frear a forte apreciação do real frente ao dólar.
"Apesar de os mesmos fatores que impulsionaram a economia no ano passado ainda estarem presentes (crescimento do consumo, do emprego e da renda), as medidas adotadas pelas autoridades monetárias pelo temor de um possível desequilíbrio entre a oferta e a demanda deverão reduzir o ritmo de crescimento", segundo o Ipea, um organismo vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
"Dessa forma, embora o consumo das famílias continue avançando sustentado pelo aumento do emprego, da renda e da expansão do crédito, seu ritmo será mais moderado do que o registrado em 2010", acrescenta o relatório.
O organismo também considera que as medidas adotadas pelo Governo para reduzir suas despesas também reduzirão o ritmo de crescimento econômico.
Além de elevar as taxas internas de juros e aumentar o depósito compulsório para encarecer o crédito, o Governo adotou diferentes medidas para limitar os recursos que chegam do exterior devido ao fato de o forte crescimento econômico está pressionando a inflação.
O instituto prevê que o Brasil terminará o ano com inflação entre 5% e 6%, ou seja, acima da meta do Governo para 2011 (4,5%), mas dentro da margem de tolerância (até 6,5%).
"A tendência para os próximos meses é de continuidade de taxas de inflação em níveis elevados", admite o instituto ao reconhecer que a alta dos preços é atualmente a maior ameaça à economia brasileira.
Entre outras previsões para este ano, o instituto calcula que o déficit em conta corrente (operações do Brasil com o exterior) ficará entre US$ 63 bilhões e US$ 75 bilhões, ou seja, em seu maior nível histórico.
O Ipea considera que, com o alto nível de liquidez internacional e os elevados juros brasileiros, o ingresso ao país de capital estrangeiro será "mais do que suficiente para financiar esse déficit em conta corrente". EFE