MADRI (Reuters) - Agricultores espanhóis bloquearam nesta quarta-feira as principais rodovias do país com seus tratores pelo segundo dia e interromperam o acesso aos terminais portuários, à medida que a insatisfação se espalha no interior da Europa contra os altos custos, a burocracia e a concorrência de países não pertencentes à União Europeia.
"Alguns países não respeitam as regras, não têm controles de qualidade", disse Juan, que cultiva limões na Andaluzia e estava em um bloqueio em frente do acesso ao porto de Málaga.
Os preços atuais dos limões têm arruinado seus negócios neste ano. "Eles não os querem, nem mesmo se eu os der", disse ele à emissora nacional TVE.
Cansados da situação do mercado e incentivados por protestos semelhantes em outros países europeus, os agricultores espanhóis tiraram seus tratores das fazendas na terça-feira, dois dias antes dos protestos programados pelas principais associações de agricultores do país.
Cerca de uma dúzia de rodovias importantes foram bloqueadas na terça-feira em toda a Espanha, segundo as autoridades de trânsito.
Nas últimas semanas, os agricultores de países europeus, como Alemanha, França e Bélgica, têm realizado protestos que, às vezes, se tornaram violentos.
Os agricultores afirmam que as regras exigentes impostas a eles pela UE para proteger o meio ambiente os tornam menos competitivos do que seus pares em outras regiões, como a América Latina ou a parte da Europa não pertencente à UE. Eles também reclamam das medidas burocráticas cada vez mais obscuras que lhes são impostas.
Os protestos levaram o governo espanhol a distribuir um subsídio extra de 269 milhões de euros para até 140.000 agricultores e a Comissão Europeia a descartar um plano para reduzir pela metade o uso de pesticidas no bloco, ao qual os agricultores se opõem.
(Por Inti Landauro e Emma Pinedo)