Por Rene Wagner
BERLIM (Reuters) - O superávit em conta corrente da Alemanha permaneceu o maior do mundo no ano passado, apesar das tensões comerciais, disse o instituto econômico Ifo nesta segunda-feira, em uma estimativa que deve renovar as críticas às políticas fiscais da chanceler Angela Merkel.
Os cálculos do Ifo, divulgados exclusivamente pela Reuters antes da publicação pelo instituto econômico, colocam o superávit em conta corrente da Alemanha --que mede o fluxo de bens, serviços e investimentos-- em cerca de 293 bilhões de dólares em 2019.
É o quarto ano consecutivo em que o superávit em conta corrente da Alemanha é o maior do mundo, com o Japão em segundo lugar com 194 bilhões de dólares, segundo os cálculos do Ifo.
O Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia pediram durante anos à Alemanha, a maior economia da Europa, que fizesse mais para elevar a demanda e as importações domésticas como uma maneira de reduzir os desequilíbrios econômicos globais e estimular o crescimento em outros lugares.
Desde sua eleição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também criticou a força de exportação da Alemanha.
O superávit em conta corrente da Alemanha pode ser atribuído principalmente ao fato de que muito mais produtos e serviços alemães são vendidos no exterior do que importados para a maior economia da Europa.
Merkel disse no ano passado: "Estamos orgulhosos de nossos carros e assim devemos estar". Mas ela acrescentou que muitos foram construídos nos Estados Unidos e exportados para a China.
O economista Christian Grimme, do Ifo, disse que o superávit alemão aumentou no ano passado para 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 7,3% em 2018.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, considera um superávit em conta corrente de 6% como sustentável a longo prazo, quando medido pelo tamanho da economia de um país.