Por Jonnelle Marte e Howard Schneider e Ann Saphir
(Reuters) - Os formuladores de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) estão determinados a aumentar a taxa de juros em março, mas falaram com cautela nesta segunda-feira sobre o que pode acontecer, sinal de que esse ciclo de alta dos juros pode não vir com o mesmo tipo de orientação que os mercados esperam.
Várias autoridades do Fed disseram ser claramente hora de o banco central começar a remover o apoio a uma economia marcada por forte crescimento e inflação em máxima em quatro décadas, mas afirmaram que o ritmo exato e o momento desses movimentos dependeriam do que acontece com a inflação e a economia mais ampla.
"Definitivamente, estamos prontos para uma alta em março", disse a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, à Reuters, em breve entrevista por telefone. "Mas depois disso, quero ver o que os dados nos trazem... vamos passar pela Ômicron, analisaremos isso e veremos."
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Os formuladores de política monetária também devem começar a encolher a carteira de quase 9 trilhões de dólares do banco central ainda neste ano, um balanço patrimonial que dobrou de tamanho quando o Fed comprou Treasuries e títulos lastreados em hipotecas para fortalecer os mercados e a economia.
Alguns economistas dizem que o crescimento econômico dos Estados Unidos pode desacelerar no início deste ano --depois de cravar no ano passado seu ritmo anual mais rápido desde 1984--, conforme o apoio fiscal diminui e um aumento nas infecções causadas pela variante Ômicron da Covid-19 leva a interrupções prolongadas.
"Vamos precisar pensar com muito cuidado sobre como as coisas estão indo, como a economia responde aos nossos primeiros movimentos", afirmou o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, ao Yahoo Finance. "Não estamos fixados em nenhuma trajetória específica. Os dados nos dirão o que está acontecendo."
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Esses relatórios econômicos podem mostrar resultados mistos. Dados monitorados pelo Fed revelaram que as expectativas de inflação permaneceram amplamente ancoradas até o fim do ano passado, enquanto algumas das pressões mais intensas sobre os preços podem ter começado a diminuir.
No entanto, a recuperação do mercado de trabalho pode estar perdendo fôlego após o aumento das infecções por coronavírus. Economistas consultados pela Reuters esperam geração líquida de 153 mil empregos em janeiro, menor número em um ano, e cerca de 10% dos entrevistados acham que a economia perdeu vagas ao longo do mês.
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, disse que a incerteza causada pelo vírus dificulta para as autoridades do banco central fornecer o mesmo tipo de orientação que deram no passado.
"Não é do interesse de ninguém tentar neutralizar a economia com ajustes inesperados", afirmou George durante evento organizado pelo Clube Econômico de Indiana. "Eu acho que o Fed terá que agir deliberadamente em suas decisões para começar a retirar as acomodações."