Por Lindsay Dunsmuir e Howard Schneider
CHICAGO (Reuters) - O Federal Reserve deve elevar a taxa de juros neste mês e está no caminho para fazer novos aumentos neste ano, afirmou nesta sexta-feira a chair do banco central norte-americano, Janet Yellen, evidenciando que os medos que forçaram o Fed a manter os custos de empréstimos perto de zero por tantos anos estão em declínio.
"Em nossa reunião neste mês, o comitê vai avaliar se o emprego e a inflação continuam evoluindo em linha com nossas expectativas, caso em que um outro ajuste da taxa de juros provavelmente será apropriado", disse Yellen em declarações preparadas para um almoço empresarial em Chicago.
A mensagem de Yellen pouco movimentou os mercados, que foram redefinidos no começo desta semana ao precificar aumento da taxa de juros em março após, nos últimos dias, vários colegas de Yellen também colocarem no cenário aumento dos juros na próxima reunião do Fed.
As ações caíram ligeiramente e os juros futuros se movimentaram pouco. Os comentários dos integrantes do Fed nesta semana já haviam empurrado os preços de mercado para a probabilidade de 80 por cento de alta dos juros em março.
O próximo encontro do Fed ocorre nos dias 14 e 15 de março.
"Um aumento nos juros não é apenas que o bolo está cozido, mas que ele está praticamente decorado e pronto para ter as velas acesas", disse o estrategista-chefe de portfólio da Wells Fargo Funds Management, Brian Jacobsen.
Nos seus comentários, Yellen também afirmou que os juros devem subir a um ritmo mais rápido este ano uma vez que a economia pela primeira vez em seu mandato parece estar livre de qualquer obstáculo iminente tanto no cenário doméstico quanto no exterior.
"De modo geral, as perspectivas para mais crescimento econômico moderado parecem encorajadoras, particularmente porque os riscos que vêm do exterior parecem ter diminuído um pouco", disse Yellen.
A meta de emprego do Fed foi basicamente atingida, afirmou Yellen, e a inflação está acelerando.
Dados de inflação divulgados na quarta-feira mostraram que os preços ao consumidor em janeiro registraram a maior alta mensal em quatro anos, com o avanço em 12 meses chegando a 1,9 por cento, pouco abaixo da meta de 2 por cento do Fed. O próximo relatório de emprego mensal será divulgado dia 10 de março.
O Fed elevou a taxa de juros pela segunda vez em uma década na reunião de dezembro, mas tem previsto três aumentos este ano diante da taxa de desemprego baixa --atualmente em 4,8 por cento --e aumento da inflação.
Autoridades do Fed também encontraram motivos para melhorar o cenário econômico na confiança empresarial e do consumidor mais alta desde que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Desde a eleição em 8 de novembro, o índice acionário S&P 500 avançou 11 por cento.
Yellen não falou diretamente sobre o provável impacto das políticas econômicas de Trump.