Arena do Pavini - O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano. Apesar de a maioria dos analistas ter antecipado esse percentual, quase a metade ainda esperava mais cautela do BC e um corte mais modesto, de 0,25%. A expectativa agora é que essa metade do mercado que errou na avaliação corrija para baixo suas projeções para as próximas reuniões. E passe a projetar também uma taxa no fim do ciclo de cortes mais baixa, mais perto de 5% ao ano. Mas o Copom deixou bem claro que esse cenário vai depender da aprovação das reformas, ou seja, da reforma da Previdência, que aparece agora como principal variável para os próximos cortes de juros já indicados.
Poupança nova e poupança velha
A decisão do Copom vai reduzir os ganhos com renda fixa, especialmente de fundos de investimentos, poupança, CDBs atrelados ao CDI e LCI e LCA. No caso da poupança, o rendimento, de 70% da Selic, ficará agora em 4,20% ao ano, ou 0,34% ao mês. Isso vale para os depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Depósitos feitos antes dessa data continuam rendendo 0,5% ao mês, ou seja, 100% da Selic, líquido de impostos, um belo rendimento diante da taxa atual.
Já os fundos de investimentos DI perderão da poupança se tiverem taxa de administração acima de 1% ao ano, segundo cálculos de Miguel de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Já considerando uma aplicação em CDB o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova já que as aplicações em CDB’s pagam igualmente imposto de renda de acordo com o prazo de resgate da aplicação.
Juro de 5% até o fim de 2020
A Daycoval Asset está entre as que estão revisando suas projeções. Segundo o economista-chefe Rafael Cardoso, em linha com o que diz o BC de que o ajuste deverá se estender, e baseado nas projeções de inflação, a gestora revisou a expectativa para a Selic de 5,5% no fim de 2019 para 5,0%, como resultado de três cortes de 0,50 ponto. “Além disso, também vislumbramos manutenção da taxa em 5,0% ao longo de 2020”, diz o economista.
Também a economista-chefe da Claritas Investimentos, Marcela Rocha, espera um novo corte de 0,5 ponto em setembro. Segundo ela, apesar de o Banco Central indicar que suas próximas decisões serão dependentes da evolução do seu cenário base, as projeções de inflação para 2020 ainda abaixo da meta de 4,0%, o balanço de riscos favorável para a inflação e, principalmente, a sinalização do Comitê de que haverá um ajuste adicional no grau de estímulo, sinalizam que o ritmo de corte de juros deve ser novamente de 0,5 ponto percentual na reunião de setembro e o ciclo total de corte de juros deve ser superior a 1 ponto percentual.
Para a Elite Investimentos, pelo conteúdo do comunicado, o Banco Central sinaliza que há espaço para ao menos mais um corte na taxa básica de juros, em setembro e que o risco de haver algum contratempo na aprovação da reforma da Previdência nos próximos 60 dias parece nulo. O benefício deste corte, no entanto, pode ser limitado para reacender a economia brasileira.
A Elite observa que o país precisa também das outras reformas (no estado e microeconômicas) para crescer de verdade. “No entanto, por agora, o corte pode trazer algum impulso para os setores mais dependentes de crédito, como o da construção civil e comércio, por exemplo”, diz a corretora, que lembra que hoje o Fed reduziu a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, o primeiro corte desde a grande crise de 2018. “O grande problema dos juros mais baixos por aqui seria a saída de capital estrangeiro do país, com a menor diferença entre as taxas de juros dos dois países. Mas como houve queda dos juros também por lá, o resultado poderá ser o do aumento do fluxo de recursos para países emergentes, como o Brasil”, diz a Elite.
Por Arena do Pavini