Por Josephine Mason e Ingrid Melander e Christian Lowe e Matthias Blamont
PARIS (Reuters) - Moradores da França estão correndo para receber vacinas contra Covid-19 desde que o governo adotou um passe de saúde obrigatório para a entrada em bares e restaurantes, atiçando um debate sobre como inocular mais pessoas para combater a variante Delta altamente infecciosa do coronavírus.
Governos de todo o mundo estão recorrendo a maneiras criativas para incentivar os cidadãos a se vacinarem. Vários deles estão oferecendo bilhetes de loteria, a Holanda doou arenque em conserva e os Estados Unidos planejam oferecer uma recompensa de 100 dólares para seduzir os hesitantes.
A França adotou uma abordagem bem mais rígida, exigindo que os profissionais de saúde se vacinem contra a Covid-19, e na quinta-feira o mais alto tribunal do país apoiou a adoção dos passes de saúde a partir de 9 de agosto.
Sindicatos e alguns cientistas dizem que a medida, que causa protestos em cidades grandes e pequenas importantes, é um instrumento contundente demais e pode aprofundar a oposição a vacinas entre pessoas que já estão relutando.
O presidente Emmanuel Macron também corre o risco de o passe de saúde ressuscitar protestos de rua como os dos Coletes Amarelos, que abalaram o país na primeira parte de seu mandato e tiraram dos trilhos sua pauta durante meses.
Mas a taxa de vacinação francesa disparou desde que a diretriz foi anunciada em 12 de julho, e até agora as pesquisas mostram apoio popular às medidas rigorosas.
Um levantamento do instituto de pesquisas Ipsos entre 26 e 27 de julho revelou que 60% dos entrevistados são a favor da exigência de um passe de saúde para ter acesso a restaurantes, cafés, shopping centres e viagens de longa distância.
Uma sondagem de outro instituto de pesquisas, o Ifop, realizada em 21 e 22 de julho mostrou que 35% das pessoas apoiam protestos contra o passe de saúde, 16% são indiferentes e 49% se opõem aos protestos.
Enquanto isso, a ação parece estar valendo a pena: a França ultrapassou os EUA no ritmo de administração de primeiras doses de vacina no dia 19 de julho e sua vizinha Alemanha em 28 de julho, de acordo com a entidade Our World in Data.
Pouco menos de 64% das pessoas já haviam recebido uma primeira dose de vacina contra Covid-19 até 2 de agosto --em 12 de julho elas eram 53,6%.
Não está claro se o ritmo forte será mantido, e alguns cientistas alertam que o passe de saúde pode dar às pessoas vacinadas a confiança para se socializar, embora dados iniciais levem a crer que as vacinas não impedem a transmissão.