Investing.com - A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou, por 26 a 0, a indicação de Roberto Campos Neto à presidência do Banco Central. O economista foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro no fim do ano passado.
Campos Neto foi sabatinado desde a manhã na sessão da CAE presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Na mesma audiência houve a sabatiina de Bruno Serra Fernandes e João Manuel Pinho para cargos de direção na autoridade monetária, além de Flávia Martins Sant'Anna, indicada para o cargo de diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Campos Neto era diretor no Banco Santander (SA:SANB11) quando foi indicado para a presidência do BC no fim do ano passado. Ele vai ocupar a posição de Ilan Goldfajn, cuja atuação à frente da autoridade monetária é elogiada por reduzir os níveis de inflação e deixa-la em ancorada em patamares baixos.
Durante a sabatina, o futuro presidente do Banco Central afirmou que vai manter a postura, considerada “excelente” por ele, do seu antecessor. Campos Neto disse também que vai trabalhar “incansavelmente” para o cumprimento da meta de inflação e da estabilidade monetária, objetivos da política monetária conduzida pelo BC. Defende a autonomia do BC com governança forte para que a política monetária "dependa menos de pessoas".
Para cumprir com as obrigações, Campos Neto se comprometeu com uma postura técnica no cargo e reiterou aos senadores que vai propor medidas que permitam manter a trajetória da taxa de juros de forma sustentável. Além disso, afirmou que o país não se pode deixar seduzir pelo estímulo intervencionista.
Campos Neto abordou a questão "intervencionista" devido à projeções de analistas do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza ainda mais a taxa de juros de 6,5% ao ano - o menor nível da história - devido à lenta retomada da economia sob capacidade ociosa elevada. De acordo com a última reunião do Copom, os diretores do BC avaliaram que há mais riscos de um aumento da inflação por causa de desdobramentos negativos do exterior e de frustração com a aprovação da reforma da Previdência no Congresso em um cenário de crescimento lento na economia, por isso mantiveram a taxa básica de juros a 6,5%.
O futuro presidente do BC ressaltou ser estudioso do aperfeiçoamento do mercado financeiro. Cita que os pilares de seu possível mandato será inclusão, precificação adequada de serviços, transparência e educação financeira. Além disso, diz que vai buscar medidas para aumentar o tamanho do mercado de capitais, acesso ao microcrédito e cooperativismo e promoção da concorrência por meio de tecnologia.