Por Hugh Bronstein e Nandita Bose
(Reuters) - A Argentina acusou a Procter & Gamble, maior fabricante mundial de produtos domésticos, de fraude fiscal e disse ter suspendido as operações da empresa no país, de acordo com um comunicado emitido no domingo pela autoridade tributária argentina (Afip).
Não ficou claro qual o significado da suspensão pelo governo, e a companhia não quis comentar se suas operações chegaram a ser interrompidas.
A Argentina acusou a empresa de superfaturar 138 milhões de dólares em importações para assim conseguir retirar dinheiro do país, segundo o comunicado, publicado no site da Presidência argentina.
"A P&G canalizou dinheiro para o estrangeiro e escondeu receitas que eram sujeitas a impostos na Argentina", disse o texto.
"Temos que dar um fim a esses truques usados por companhias internacionais", acrescentou o comunicado.
O porta-voz da Procter & Gamble Paul Fox disse que a companhia está trabalhando para entender plenamente as acusações e trabalhar para resolvê-las.
"Não buscamos práticas de planejamento fiscal agressivas, já que simplesmente não produzem resultados sustentáveis", disse ele, acrescentando que a produtora de bens de consumo valoriza seu relacionamento com a Argentina e seus consumidores.
A Procter & Gamble opera na Argentina desde 1991 e atualmente possui três fábricas e dois centros de distribuição no país.
Em 2006, a companhia com sede nos EUA cedeu a pressões do governo argentino para congelar o preço de 31 produtos, entre xampus, sabonetes e cremes, por pelo menos um ano, como parte dos esforços para combater a inflação.
A companhia, que não destrincha seus rendimentos por país e sim por região, informou em seu relatório anual 2014 que a América Latina contribuiu com 10 por cento de todo o rendimento da empresa. A P&G relatou vendas líquidas de 83,1 bilhões de dólares em 2014.
A Argentina tem restringido o acesso a moeda estrangeira em uma tentativa de manter as reservas de seu Banco Central, que caíram 17 por cento no últimos 12 meses, para cerca de 28 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Jorge Otaola em Buenos Aires e Michelle Conlin em Nova York)