BRASÍLIA (Reuters) - A arrecadação federal registrou crescimento real de 18,5% em março sobre o mesmo mês do ano passado, somando 137,9 bilhões de reais, maior valor para o mês da série da Receita Federal, mostraram dados divulgados nesta terça-feira.
O resultado veio acima da expectativa de arrecadação de 126,2 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters com analistas, e, segundo a Receita, ainda não reflete os impactos da segunda onda da pandemia da Covid-19.
"Majoritariamente, os tributos que foram recolhidos em março, eles refletem o nível de atividade de fevereiro, então, portanto, ainda não sofreram o impacto, fortemente, da segunda onda da pandemia (da Covid-19)", afirmou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, em coletiva de imprensa virtual.
No acumulado dos três primeiros meses do ano, a arrecadação avançou 5,64% em termos reais, a 445,9 bilhões de reais, valor também recorde para o período. A série da Receita tem início em 1995.
De acordo com o Fisco, o resultado positivo do trimestre é explicado principalmente por fatores não recorrentes, como recolhimentos extraordinários de 10,5 bilhões de reais do IRPJ/CSLL de janeiro a março deste ano, contra 2,8 bilhões de reais no mesmo período de 2020.
Em março, esses recolhimentos atípicos --acima do verificado na série das empresas-- foram de 4 bilhões de reais. Já as compensações tributárias, em que os contribuintes usam créditos acumulados em algum tributo no pagamento de outro imposto, diminuíram 2,5% no mês, mas aumentaram 33% no período trimestral.
ABRIL
Ao ser questionado sobre a arrecadação no mês de abril, Malaquias classificou-a como "satisfatória e, por ora, dentro das expectativas.
"A gente está bem tranquilo com relação ao resultado de abril. Nós estamos no dia 20, nós temos uma concentração muito grande da arrecadação a partir deste dia, no último decênio é quando temos mais de 70% da arrecadação tributária, e estamos aí bastante otimistas com relação ao desempenho de abril."
Sobre eventuais consequências das medidas econômicas restritivas impostas por Estados e municípios à atividade econômica sobre a arrecadação, Malaquias disse ser necessário verificar o quanto das medidas acabam por afetar as bases tributárias.
"No Brasil, hoje, não existe mais medida restritiva superior a vinte e um dias, é possível que o efeito na arrecadação seja mínimo."
(Por Gabriel Ponte)