BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal arrecadou 95,219 bilhões de reais em impostos e contribuições no mês passado, queda real de 4,81 por cento sobre um ano antes, pior resultado para maio desde 2010 (94,137 bilhões de reais), informou a Receita Federal nesta sexta-feira.
Economistas consultados pela Reuters estimavam resultado ligeiramente melhor, de 96 bilhões de reais no mês passado.
Nos cinco primeiros meses do ano, a arrecadação encolheu 7,36 por cento, já descontada a inflação, a 519,128 bilhões de reais, também o dado mais fraco para o período desde 2010 (494,527 bilhões de reais).
O desempenho reflete a derrocada da economia, com impacto direto sobre os tributos recolhidos. Em maio, houve menor receita com Cofins/Pis-Pasep (-7,09 por cento), previdenciária (-4,83 por cento) e Imposto sobre a renda retido na fonte-Rendimentos de residentes no exterior (-37,59 por cento).
O movimento acabou ofuscando o crescimento real de 4,67 por cento obtido em Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e também a diminuição de 1,219 bilhão de reais em desonerações sobre maio de 2015.
Com a arrecadação em declínio e despesas em ritmo ascendente, o governo não tem conseguido fazer superávit primário, economia para o pagamento dos juros da dívida pública.
Na tentativa de melhorar a trajetória da dívida, que vem sofrendo rápida deterioração, o governo enviou esta semana ao Congresso Nacional proposta para limitar o crescimento anual dos gastos públicos à inflação do exercício anterior, por 20 anos, incluindo as áreas da saúde e educação.
No fim do mês passado, o governo do presidente interino Michel Temer recebeu o aval do Congresso para fechar este ano com déficit primário do governo central de 170,5 bilhões de reais. Se confirmado, será o terceiro resultado no vermelho e o pior da série histórica.
(Por Marcela Ayres e César Raizer; Edição de Patrícia Duarte)