Por Tulay Karadeniz e Humeyra Pamuk
ANCARA/ISTAMBUL (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, condenou nesta sexta-feira países ocidentais por não terem mostrado solidariedade com a Turquia diante do recente golpe frustrado, dizendo que aqueles preocupados com o destino dos simpatizantes do golpe, e não com a democracia turca, não podiam ser amigos de Ancara.
Erdogan também rejeitou as críticas do Ocidente aos expurgos em andamento nas Forças Armadas turcas e em outras instituições do Estado, ações que resultaram em mais de 60 mil pessoas presas, removidas ou suspensas por causa de ligações suspeitas com a tentativa de golpe, sugerindo que alguns nos Estados Unidos estavam do lado dos conspiradores.
"A atitude de muitos países e suas autoridades diante da tentativa de golpe é vergonhosa em relação à democracia”, afirmou Erdogan a centenas de simpatizantes no palácio presidencial na capital turca.
"Qualquer país e qualquer líder que não se preocupam com a vida do povo turco e com a nossa democracia tanto quanto se preocupam com o destino dos golpistas não são nossos amigos”, disse Erdogan, que escapou por pouco de ser capturado e talvez morto na noite do golpe.
Aliados ocidentais da Turquia condenaram o golpe em que, segundo Erdogan, 237 pessoas foram mortas e mais de 2.100 fiaram feridas, mas têm se mostrado preocupados com a escala da repressão posterior. Imagens de soldados detidos machucados e enfaixados deixaram grupos de defesa dos direitos preocupados com maus-tratos.
Os expurgos atingem apoiadores do clérigo muçulmano Fethullah Gulen, que vive nos EUA e é acusado por Ancara de planejar o golpe frustrado de 15 e 16 de julho. No entanto, críticos de Erdogan dizem que ele está usando as medidas para reprimir qualquer opositor.
Erdogan também criticou o Conselho Europeu e a União Europeia, à qual Turquia deseja pertencer, por não ter feito uma visita para oferecer condolências, dizendo que as críticas deles eram “vergonhosas”.
Na quinta-feira, James Clapper, diretor da Inteligência Nacional dos EUA, afirmou que os expurgos estavam prejudicando a luta contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, ao afastar oficiais turcos que trabalhavam de forma próxima com os EUA.