Investing.com - O petróleo afundou mais de 4% nesta terça-feira (29/11) em meio às perspectivas cada vez menores de que um acordo significativo seja fechado entre os membros da Opep. A um dia da reunião em Viena, as principais disputas entre Irã, Iraque e Arábia Saudita parecem não ter sido resolvidas.
Nos terminais de Nova York, os contratos futuros de petróleo perderam 4% no pregão de hoje e fecharam o dia negociados a US$ 45,20/barril, na mínima de duas semanas, depois de tocar os US$ 44,84/b no intraday. O Brent, em Londres, cedeu 3,8%, vendido a US$ 47,30, com mínima de US$ 46,82.
Nesta terça-feira, os ministros de energia e petróleo dos países membros da Opep chegaram a Viena, na Áustria, para participar da reunião oficial do cartel marcado para amanhã. Os políticos não deram declarações públicas sobre o andamento das negociações para que o acordo seja fechado amanhã.
O anúncio do detalhamento das cotas de produção por país foi definido em reunião informal na Argélia em setembro, quando ficou acertado que a extração somada deveria ficar no intervalo entre 32,5 milhões de barris/dia e 33 milhões de barris/dia. O patamar embute um corte de cerca de 1 milhão de barris/dia sobre a produção atual.
A disputa se centra entre Arábia Saudita, Iraque e Irã, os três maiores produtores do cartel, somando mais de 18 milhões de barris/dia, mais da metade da extração da Opep de 33,6 milhões de barris/dia em outubro.
O reino saudita exige que os dois países participem do acordo e se comprometam a limitar a produção. No início do ano, a recusa da Arábia Saudita de permitir a isenção do Irã derrubou o acordo de limitar a produção que vinha sendo costurado dentro da Opep.
No lado oposto da mesa, Irã e Iraque querem tratamento diferenciado por estarem com uma produção abaixo do seu patamar histórico, enquanto os sauditas elevaram fortemente a produção nos últimos meses para discutir o corte a partir de um volume mais elevado.
O Irã afirma que deseja retornar à sua produção histórica de cerca de 4 milhões de barris/dia antes de negociar um congelamento. O país persa extraiu 3,69 milhões de barris/dia em outubro e teria interesse em aumentar em 300 mil barris/dia seu bombeamento.
Desde o fim das sanções econômicas ocidentais impostas por seu programa nuclear, o país já adicionou 1 milhão de barris à sua produção diária. Segundo notícia publicada no WJS, o Irã teria aceitado negociar um congelamento a partir de janeiro, ainda insuficiente segundo a Arábia Saudita.
O Iraque vive em guerra e instabilidade civil desde a invasão norte-americana em 2003, o que prejudicou a produção nos últimos anos. Nos últimos meses, o avanço do governo e os gastos com a guerra contra o Estado Islâmico fez com que o Iraque ampliasse sua produção. Segundo o WJS, o país teria aceitado negociar um congelamento nos cerca de 4,5 milhões de barris/dia que produz atualmente, mas não estaria aberto a cortar a produção que financia a guerra contra os rebeldes.
Líbia e Nigéria também buscam um tratamento diferenciado após meses de disputas internas e sabotagens terem afetado sua capacidade de produzir e escoar petróleo.
As análises do mercado apontam para queda da cotação até US$ 30/b se o acordo não for definido e anunciado pela Opep e uma alta para os US$ 55/b se a negociação for finalizada.
No pano de fundo, os países têm tentado elevar os preços do petróleo especialmente após a cotação ficar abaixo dos US$ 30/b no início do ano. Até então, a estratégia da Opep era continuar pressionando o mercado com produção para que os produtores com maiores custos deixassem de extrair. A recuperação dos preços, contudo, não veio como o esperado e pressões dos países com contas públicas mais frágeis da organização como Venezuela e Nigéria.
Fora do cartel, a Rússia também pressiona a Arábia Saudita e a Opep para chegarem a um acordo para controlar o mercado e elevar preços. O país tem sido fortemente impactado pelas sanções econômicas após a invasão da Ucrânia e a anexação da Crimeia e a recuperação dos preços do petróleo é essencial para o país superar a crise.
Nos últimos meses, os russos se dispuseram a participar de um acordo para congelar ou cortar a produção e fecharam negociações paralelas com Arábia Saudita e Irã para buscar soluções conjuntas para estabilizar o mercado.